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Revista de Letras - Utad

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Contributos para a análise da elipse lacunar (gapping) 101(i) a boca sem palavras visto que [mostrava / exibia] um brilho <strong>de</strong> saliva(ii) exuberante <strong>de</strong> mantilhas e hoje [não tinha] mantilha nenhuma5.2 Vejamos agora “Sôbolos Rios Que Vão”No seguimento da análise dos exemplos do romance anterior, também estespo<strong>de</strong>m ser agrupados por partilharem características similares. Assim, osexemplos (18), (23), parte do (24), (25) e (26) exibem casos <strong>de</strong> elipse <strong>de</strong> verbospredicativos, do tipo <strong>de</strong> “ser”, sendo que nas respectivas frases encontramoslexicalmente realizados o argumento externo (“a harpa da dona Irene” em (18),“a vereda das amoras” em (23), “ o Mon<strong>de</strong>go” em (24)), “eu” em (25) e “asandorinhas” em (26), seguidas dos consequentes predicativos do sujeito (“umarrepio” em (18), “uma rua <strong>de</strong> imigrantes” em (23), “uma melancolia custosa”,em (24), “chumbo” em (25) e “horríveis” em (26)).Note-se, a propósito <strong>de</strong> (24), a sequência das três orações: “chamam àquilorio” “e sobre ele vamos na esperança “que [seja] na direcção do mar”. Se, nocaso das duas primeiras, se trata <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação copulativa pormeio da conjunção “e”, a construção elíptica só surge na terceira e éseleccionada pelo nome abstracto “esperança”, o que resulta na configuração <strong>de</strong>uma subordinada completiva ou integrante introduzida pela conjunção integrantecorrespon<strong>de</strong>nte, “que”. Tal contexto repete-se em frases como as presentes em(25) e (26), sendo nestes casos as subordinadas integrantes não <strong>de</strong> nome, mas <strong>de</strong>verbo: “imaginava” e “afiança” respectivamente.Quanto ao segundo grupo <strong>de</strong> exemplos, consi<strong>de</strong>remos (19) e a última oração<strong>de</strong> (24), em que o verbo elidido é o impessoal “haver”, o qual é legitimado pelapresença dos SN’s plenos realizados como seus argumentos internos: “papéis eramos secos” (19) e “mar algum” em (24). Repare-se que os contextos quepotenciam estes casos <strong>de</strong> elipse lacunar são diferentes dos anteriores. A saber:(19) mostra elipse lacunar integrada numa subordinada adverbial relativaencetada por “on<strong>de</strong>” e (24) mostra uma subordinada temporal. (24) é sintomáticaa outro nível. Por outras palavras, a recuperação do verbo “haver” é possíveltambém graças à presença da negação consubstanciada pela selecção <strong>de</strong> umasequência <strong>de</strong> negação, ela própria alvo <strong>de</strong> elipse: “quando mar algum” exibe um<strong>de</strong>terminante in<strong>de</strong>finido que, <strong>de</strong> um modo geral, reforça a presença <strong>de</strong> umaconstrução do tipo não + haver + nome (com a relação <strong>de</strong> objecto directo) +algum, realizada como “não havia mar algum”. Posto isto, e para além daomissão do verbo supracitado, este é um caso em que <strong>de</strong>tectamos igualmente aomissão <strong>de</strong> um advérbio <strong>de</strong> negação, ficando lexicalmente realizado apenas“algum”, o qual funciona não como reforço, mas como “pista” <strong>de</strong> recuperaçãodo que foi elidido.

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