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Revista de Letras - Utad

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72 Rolf KemmlerObserva-se, portanto, que a <strong>de</strong>finição do gramático português é umatradução literal da <strong>de</strong>finição «C’est la Science <strong>de</strong> la Parole prononcée ou écrite»fornecida por Beauzée na Encyclopédie méthodique. Tal como antes <strong>de</strong>le fizeraManuel Dias <strong>de</strong> Sousa na sua Grammatica Portugueza (1804: 2), tambémVirgem Maria consi<strong>de</strong>ra a distinção da gramática nas duas partes ‘orthologia’(que diz respeito a tudo que tem a ver com a língua falada) e ‘orthographia’. 15Mesmo que neste aspeto não seja possível i<strong>de</strong>ntificar correspondências literais,julgamos que também aqui o gramático vila-realense terá buscado aterminologia a Beauzée:La Grammaire considère la Parole dans <strong>de</strong>ux états, ou comme prononcée, oucomme écrite; la Parole écrite est l’image <strong>de</strong> la Parole prononcée: & celle-ci estl’image <strong>de</strong> la Pensée. Ces <strong>de</strong>ux points <strong>de</strong> vûe peuvent donc être comme les <strong>de</strong>uxprincipaux points <strong>de</strong> réunion, auxquels on raporte toutes les observationsgrammaticales; & toute la Grammaire le divise ainsi en <strong>de</strong>ux parties générales, dont lapremière, qui traite <strong>de</strong> la Parole, peut être appelée Orthologie; & la secon<strong>de</strong>, qui traite<strong>de</strong> l’Écriture, se nomme Orthographe. La nécessité <strong>de</strong> caractériser avec précision lespoints saillants <strong>de</strong> notre systême grammatical, & la liberté que l’usage <strong>de</strong> notre langueparaît avoir laissée sur la formation <strong>de</strong>s termes techniques, nous ont déterminés à enrisquer plusieurs, que l’on trouvera dans le tableau que nous allons présenter <strong>de</strong> ladistribution <strong>de</strong> la Grammaire. Nous ferons en sorte qu’ils soient dans l’analogie <strong>de</strong>stermes didactiques usités, & qu’ils expriment exactement toute l’étendue <strong>de</strong> l’objet quenous prétendons leur faire désigner: à mesure qu’ils se présenteront, nous lesexpliquerons par leurs racines. Ainsi, le mot Orthologie a pour racines, ὀρθὁς rectus,& λόγος, sermo; ce qui signifie maniere <strong>de</strong> bien parler (EMGL 1784, 2: 191-192). 16O relacionamento entre as duas vertentes da palavra e o pensamento noreferido trecho «[...] la Parole écrite est l’image <strong>de</strong> la Parole prononcée: & celleciest l’image <strong>de</strong> la Pensée» encontra o seu reflexo nas seguintes <strong>de</strong>finiçõesquase literais relativas à palavra:P. QUe cousa he Palavra?R. He o sinal <strong>de</strong> huma idéa total.Da Palavra.15 Ao i<strong>de</strong>ntificar a influência <strong>de</strong> Beauzée sobre Sousa, Schäfer-Prieß (2000: 95) chama a esteprocedimento uma ‘Grobeinteilung’, ou seja, uma ‘distinção grosso modo’.16 Boa parte <strong>de</strong>ste parágrafo foi quase literalmente traduzido por Sousa (1804: 2): «A Gramatica ouseja Universal ou Particular, consi<strong>de</strong>ra a palavra em dois estados; ou como pronunciada; ou comoescrita: a palavra escrita he imágem da palavra pronunciada, e esta he imagem do pensamento. Aestes dois pontos se referem todas as observações Gramaticaes; e assim toda a Gramatica se divi<strong>de</strong>em duas partes geraes; a primeira das quaes que trata da palavra pronunciada po<strong>de</strong> chamar-seOrtologia, palavra <strong>de</strong> origem Grega que significa modo <strong>de</strong> bem falar; e a segunda que trata dapalavra escrita, chama-se Ortografia que significa modo <strong>de</strong> bem escrever». Dado que estegramático não aproveitou todos os trechos retomados por Virgem Maria, não consi<strong>de</strong>ramosforçoso que este se tenha baseado na obra portuguesa contemporânea, parecendo mais provávelque ambos terão partilhado a mesma fonte.

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