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Revista de Letras - Utad

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As Gazetas: o nascimento do jornalismo mo<strong>de</strong>rno… 335numa concepção quase publicitária, que eram afixadas ou escritas em tábuas ounas pare<strong>de</strong>s, explicam o aparecimento dos primeiros “jornais” 2 conhecidos emRoma: as Acta Diurna.Desta forma, se percebe que numa comunida<strong>de</strong> organizada e evoluída comoera a romana se afirmava como indispensável o surgimento dos meios <strong>de</strong>comunicação, usados para a difusão das notícias por todo o complexo sistemasocial que a constituição <strong>de</strong> um vasto império exigia.Um salto à Ida<strong>de</strong> Média permitiu-nos i<strong>de</strong>ntificar a oralida<strong>de</strong> como a formaescolhida neste período para a difusão <strong>de</strong> notícias, como se comprova pela figurado pregoeiro “saltando <strong>de</strong> povoação em povoação, para transmitir a palavra dorei ou dos senhores.” (Crato 1986: 29). Paralelamente ao formato oral, todas associeda<strong>de</strong>s necessitam <strong>de</strong> encontrar formas <strong>de</strong> registo dos factos principais e dasnovida<strong>de</strong>s, entre as quais se <strong>de</strong>stacam o relato dos cronistas e dos viajantes daEuropa medieval e as cartas que, pelas suas características informativas, seaproximam do género jornalístico.Os séculos XV e XVI ficaram marcados por uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>novos mundos e realida<strong>de</strong>s. Todas as mudanças e conflitos que marcaram ocontinente europeu foram favoráveis a um aumento da partilha <strong>de</strong> informações,que se repercutiu na criação, a partir do século XVI, <strong>de</strong> novas activida<strong>de</strong>sprofissionais, como era o caso dos noticiaristas (menanti, na Itália) queofereciam serviços regulares <strong>de</strong> correspondência manuscrita para príncipes emercadores.Os mecanismos <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> notícias eram já usados pelos gran<strong>de</strong>scomerciantes venezianos, que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIII, recebiam lettere d’avvisi oubroglietti. Se estas tinham um certo carácter privado, ainda que algumas seven<strong>de</strong>ssem ao público, os impressos “ocasionais” (nome que se explica por nãoapresentarem uma periodicida<strong>de</strong> regular) dirigiam-se ao público em geral, sendosujeitos à censura, o que explica a permanência do comércio privado das notíciasmanuscritas que se afirmavam como formas <strong>de</strong> comunicação livres do controlocensório.Estas folhas ocasionais, também <strong>de</strong>signadas <strong>de</strong> folhas volantes ou relações,podiam assumir títulos diferentes tendo em conta os seus objectivos. Noslibelos 3 discutiam-se assuntos religiosos e alimentavam-se boatos e polémicas;2Gaston Boissier apresenta as Acta diurna como uma espécie <strong>de</strong> gazeta oficial(cf. Boissier 1865: 3).3 “El libelo es un escrito difamatório contra alguna persona o cosa, según una palabra proveniente<strong>de</strong> la historia religiosa <strong>de</strong>l antiguo Israel, que se aplico por extensión a los excesos <strong>de</strong>l periodismo<strong>de</strong> opinión, primero en las luchas políticas y religiosas <strong>de</strong>l XVI y, en el siglo siguiente, en lasestrictamente políticas <strong>de</strong> la revolución inglesa.” (Guillamet 2004: 53).

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