12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

136 Barbara Schäfer-Prieß2.1.4. ConjuntivoComo se po<strong>de</strong> ver atrás, o conjuntivo é o único modo <strong>de</strong>finido sob o ponto<strong>de</strong> vista sintático (modo da frase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte). Tal como Donato (Schönberger2008: 78-81), Álvares (1974: fol. 24 v) conjuga as formas com a conjunção cum,mas refere também as conjunções quamvis, si e nisi. Ao passo que as traduçõesportuguesas <strong>de</strong>stas três conjunções exigem um presente ou futuro do conjuntivo(Posto q[ue] eu ame, Se eu amar, Se eu nam amar), o equivalente portuguêscomo <strong>de</strong> latim cum é construído com o indicativo: 18Coniunctiui modi tempus præsens.Quanuis amem, Cum amem, Como eu amo, ou amando eu.Posto q[ue] eu ame. Ames,Como tu amas.Si amem, Se eu Amet,Como elle amas.amar.Pl. Cum amemus, Prouuera a Deos que que amaramos nos.Nisi amem, Se Ametis,Que amareis vos.eu nam amar. Ament,Que amaram elles.Somente o futuro em ligação com a partícula como apresenta umas formasque ainda hoje costumam ser <strong>de</strong>nominadas ‘futuro do conjuntivo’: 19Amaui, i, in, e,& addita ro: eo<strong>de</strong>mmodo in cæterisFVTVRVM. Cum amauero, Como eu amar, ou tiuer amado.Amaueris, Tu amares.Amauerit,Elle amar.Pl. Cum amauerimus, Como eu amaremos.Amaueritis, Vos amar<strong>de</strong>s.Amauerint, Elles amarem (Álvares 1974: fol. 25 v).O facto <strong>de</strong> o conjuntivo português – com a exceção do futuro – ter formasindicativas na gramática <strong>de</strong> Álvares <strong>de</strong>ve-se, portanto, ao caso <strong>de</strong>, por um lado,Donato ter conjugado o optativo com cum (isto é, o cum causale) e, por outrolado, a forma correspon<strong>de</strong>nte portuguesa como exigir o indicativo.Fica evi<strong>de</strong>nte que Álvares não consegue manter-se fiel à <strong>de</strong>finição formaldo conjuntivo como ‘modo da sentença subordinada’. Na verda<strong>de</strong>, o conjuntivopara ele parece ser antes o modo da frase causal e concessiva (o que constitui aessência dos contextos para construções <strong>de</strong> cum + conjuntivo no latim,cf. Bornemann e Adami 1970: 232-235). No português, o significado causalencontra-se representado por como; para o significado concessivo, o gramático18 Como se po<strong>de</strong> observar no exemplo da primeira pessoa do correspon<strong>de</strong>nte paradigma emÁlvares (1974: fol. 24 v), o mesmo po<strong>de</strong> afirmar-se sobre o ‘Præteritum imperfectum’, ou seja,o conjuntivo imperfeito: «Cum amarem, Como eu amaua, ou amando eu».19 O estatuto modal daquilo que costuma ser <strong>de</strong>nominado ‘futuro do conjuntivo’ não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> serobjeto <strong>de</strong> discussão nos tempos mo<strong>de</strong>rnos, como se vê, por exemplo, em Perini (1978) e Comrie eHolmback (1984).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!