12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

320 Maria Cecília <strong>de</strong> Sousa Vieira2.3. A tomada <strong>de</strong> Lisboa pelos cristãosOs cristãos, por seu lado, em 1139, dirigidos por D. Afonso Henriques,travaram a batalha <strong>de</strong> Ourique contra os sarracenos e saíram vencedores.A Ourique é atribuída uma série <strong>de</strong> relatos maravilhosos, que a tornam umacontecimento simbólico 11 . A vitória foi <strong>de</strong> tal forma importante que AfonsoHenriques passou a ser intitulado rei a partir <strong>de</strong> 1140 12 . Segundo muitoshistoriadores, esta batalha foi o acontecimento fundacional da Nação.Após a conquista da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santarém aos mouros, em 1147, as atenções<strong>de</strong> Afonso Henriques voltaram-se para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa 13 .Para a sua conquista, o rei sabia que po<strong>de</strong>ria contar com o auxílio doscruzados 14 . De acordo com a carta <strong>de</strong> Ranulfo <strong>de</strong> Granville a Osberno, a DeExpugnatione Lyxbonensi, os cruzados, a pedido do bispo do Porto, D. Pedro,foram persuadidos a ajudar os portugueses. Tal pedido vinha na sequência <strong>de</strong>instruções que lhe haviam sido dadas precisamente por Afonso Henriques.O discurso que o bispo dirigiu aos cruzados, composto por ingleses, teutónicos ebretões, legitimava a guerra contra o infiel, apresentando como argumento fortea “causa justa” (Serrão 1979: 97).Os pormenores da expedição são conhecidos. Osberno, que participou <strong>de</strong>la,<strong>de</strong>ixou-nos um relato circunstanciado.Uma vez que os mouros não aceitaram a proposta <strong>de</strong> se ren<strong>de</strong>rempacificamente, o exército, em Julho <strong>de</strong> 1147, cercou a cida<strong>de</strong>.Após quase vinte semanas <strong>de</strong> cerco, Lisboa caiu nas mãos dos cristãos. Naspalavras <strong>de</strong> Oliveira Martins, a tomada <strong>de</strong> Lisboa “lavra a acta <strong>de</strong> nascimento daNação portuguesa” (apud Serrão 1979: 99).3. Manipulação ou recuperação da História?A primeira pergunta que se impõe, ao verificarmos que o autor (re)visita opassado, é se este o recupera ou se o manipula.Pela análise que efectuámos, concluímos que o tempo e o acontecimentonarrado são manipulados, mas que os aspectos da cultura árabe que o autorelegeu para falar são reconstituídos.11 Segundo José Mattoso, “Esta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mitificar o acontecimento resulta, sem dúvida, <strong>de</strong>ela se ligar com a fundação da nacionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se associa à aclamação <strong>de</strong> AfonsoHenriques como rei” (Mattoso 1983: 486).12 A confirmação do título <strong>de</strong> iure pela Santa Sé só será confirmada em 1179.13 Lisboa era a cida<strong>de</strong> mais po<strong>de</strong>rosa do império árabe na Península Ibérica. Para além <strong>de</strong>favorecer o comércio e a comunicação para o Norte <strong>de</strong> África e Europa atlântica, era uma zonacom campos férteis, rica em cereais, vinho, azeite e pastagens. Por essa altura, na região terminaldo Tejo, já se procedia à indústria salineira.14 Trata-se da Segunda Cruzada. A Igreja, os reis, os guerreiros nobres e plebeus cristãosassumiam a missão <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os cristãos e Lugares Santos no Oriente. Vinham da Europa emdirecção a Jerusalém e fun<strong>de</strong>avam no Porto para aí se abastecerem.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!