12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

124 Barbara Schäfer-PrießFinalmente screverom <strong>de</strong> bal<strong>de</strong>: porque os que não sabem Latim, não enten<strong>de</strong>m suasartes; & os que as enten<strong>de</strong>m, bẽ as escusão; porq[ue] enten<strong>de</strong>m qualquer livro Latino,<strong>de</strong> que colhem a lingua, & não <strong>de</strong>ssas artes: nem o entendimento as quer ver, quandocom artes, & materias superiores se po<strong>de</strong> melhorar (Roboredo 2007: [13]).Também o reformador iluminado Luís António Verney (1713-1792) criticaa gramática <strong>de</strong> Álvares como ‘puramente latina’, pelo que a consi<strong>de</strong>ra comoina<strong>de</strong>quada para o ensino <strong>de</strong> latim. Em finais do século XIX, Teófilo Braga(1895: 384) escreve o seguinte sobre o ensino da língua latina com a Institutio:Decorava-se a volumosa Grammatica escripta em latim, sem se saber o que as regrassignificavam, e só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> três annos é que por laboriosas inferências começava oalumno a perceber alguma cousa.Parece, porém, que a i<strong>de</strong>ia didática <strong>de</strong> Manuel Álvares não se baseava nouso monolingue coerente da língua latina, uma vez que este, como constataVerney (1949: 139), realça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explicações na língua materna.Na verda<strong>de</strong>, o texto latino da primeira edição contém um número consi<strong>de</strong>rável<strong>de</strong> glosas e comentários em língua portuguesa que aparentemente foramomitidos em edições posteriores – possivelmente por causa da divulgaçãointernacional da obra, como se po<strong>de</strong> ver, por exemplo, no prefácio da edição <strong>de</strong>Dillingen (Álvares 1574). 5 Comentários em vernáculo e traduções não são rarosem gramáticas latinas medievais e renascentistas (cf. Percival 1975: 235; Padley1988: 235; Scaglione 1970: 113). Em Portugal, na época anterior a Álvares,estes são usados, por exemplo, por André <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong> (ca. 1500-1573). 6É especialmente no que respeita à morfologia verbal que Álvares chega afazer recurso frequente à língua portuguesa. Assim, todas as formas verbaislatinas têm o seu correspon<strong>de</strong>nte português, como, por exemplo, no «Modiindicatiuì tempus præsens»:SVMEs,Est,Sumus,Estis,Sunt,Plurali numero.Eu sou, ou estou.Tu es.Elle he.Nos somos.Vos sois.Elles sam (Álvares 1974: fol. 12r)Segue a explicação ao lado do paradigma verbal:5 Veja-se também o comentário <strong>de</strong> Salgado Júnior sobre Verney (1949: 139).6 Cf. Ver<strong>de</strong>lho (1995: 110).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!