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Revista de Letras - Utad

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126 Barbara Schäfer-Prieß1.2 A Ars grammaticæ <strong>de</strong> Bento Pereira (1672)Entre a primeira edição da Institutio <strong>de</strong> Manuel Álvares e a gramática dalíngua portuguesa do confra<strong>de</strong> jesuíta Bento (Benedictus) Pereira (1605-1681) 8 ,<strong>de</strong>correram exatamente cem anos. 9 Como outras gramáticas vernaculares dosséculos XVI e XVII (cf. Padley 1988: 191-192, 260, 332), a Ars grammaticæpro lingua Lusitana addiscenda 10 foi redigida em língua latina.A par do já referido Methodo grammatical para todas as linguas (1619) <strong>de</strong>Amaro <strong>de</strong> Roboredo (cf. Schäfer 1990), que, na realida<strong>de</strong>, era uma gramáticauniversal, com base no latim e com consi<strong>de</strong>rações sobre a língua portuguesa, agramática <strong>de</strong> Pereira é a única gramática da língua portuguesa do século XVII.A seguir às duas gramáticas renascentistas <strong>de</strong> Fernão <strong>de</strong> Oliveira (ca. 1507 - ca.1580) e João <strong>de</strong> Barros (ca. 1496 - ca. 1571), que, publicadas em 1536 e 1540,visavam uma valorização e a normalização da língua portuguesa (cf. Buescu1984), o interesse no vernáculo tinha diminuído: tanto Roboredo como oprimeiro gramático do século XVIII, Jerónimo Contador <strong>de</strong> Argote (1676 -1749), autor das Regras da lingua portugueza, espelho da latina ( 1 1721, 2 1725),encaram a língua portuguesa principalmente como um meio para facilitar oensino do latim (uma situação semelhante verificava-se na mesma época, porexemplo, no concernente ao papel do inglês na Inglaterra,cf. Padley 1988: 230). No caso <strong>de</strong> Bento Pereira, observa-se uma motivaçãodiferente da dos autores mencionados: como ilumina o prefácio «Ad lectorem»,a sua Ars grammaticæ publicada em Lyon (França) visava, por um lado, servircomo manual <strong>de</strong> português para estrangeiros, por outro lado, como gramáticanormativa para falantes nativos do português:EN Candi<strong>de</strong> Lector, qui olim juvenis nondum attinens trigesimum ætatis annumconcinnavi Prosodiam, modò senex tribus iam annis exce<strong>de</strong>ns sexagesimum Lusitanælinguæ Grammaticam, quam tibi, si exter fueris, addiscendam, si domesticus,corrigendam offero (Pereira 1672: [IX])O facto <strong>de</strong> a Ars fazer questão <strong>de</strong> ser uma gramática da língua portuguesa,mesmo que tenha sido redigida em latim, foi contestado quase um século <strong>de</strong>poisno prefácio <strong>de</strong> António José dos Reis Lobato à sua Arte da grammatica dalingua portugueza ( 1 1770):8 Veja-se Silva (1858, I: 352): «Jesuita, Doutor em Theologia, graduado na Universida<strong>de</strong> d’Evora,Qualificador <strong>de</strong> livros em Roma, e <strong>de</strong>pois Reitor do collegio dos Irlan<strong>de</strong>zes em Lisboa».9 Note-se, porém, que a gramática já <strong>de</strong>ve ter sido concluída três anos antes, uma vez que a censurado Provincial da Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus, Antão Gonçalves (em latim ‘Antanus Gondisalvvs’), data <strong>de</strong>5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1669 (Pereira 1672: [XIII])10 Uma segunda edição póstuma (Pereira 2 1806) foi publicada em 1806 em Lisboa. Por ser umaobra rara, não consta que até agora tenha havido qualquer estudo comparativo das duas edições dagramática do borbense.

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