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Revista de Letras - Utad

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18 António Bárbolo Alves, Margarida Telo Ramos e Ana Maria Carvalhocom o seu cheiro forte e <strong>de</strong>sagradável, provindo do latim *foeticosus, a partir <strong>de</strong>*foeticus, por foetìdus (fétido).Quanto ao seu uso, informaram-nos que também tem alguma malzinha.Contudo, também não pu<strong>de</strong>mos apurar, com rigor, qual, nem para quê. Pareceque em algumas zonas se extraía uma goma/resina da casca com proprieda<strong>de</strong>santi-inflamatórias e que se aplicava para aliviar dores musculares e reumatismo.Fenolho, Foeniculum vulgareO nome dado em mirandês a esta espécie herbácea, também conhecida, emportuguês, por anis-doce, erva-doce, maratro, finóquio, fiolho, fionho ou funcho,é fenolho.Nesta região, as gran<strong>de</strong>s consumidores <strong>de</strong>sta planta são as pessoas <strong>de</strong> etniacigana. Por isso, muitos al<strong>de</strong>ões atribuem-lhe características curativas,milagrosas, não hesitando em afirmar que é o fenolho que ajuda a curar todos osmales <strong>de</strong> que, supostamente, os ciganos não pa<strong>de</strong>cem.Tal como o nome português, mais comum, funcho, <strong>de</strong>riva da forma latinafenŭcŭlu-, em vez <strong>de</strong> fenīcŭlu-. Conserva, contudo, o -n- intervocálico,característico e distintivo na evolução do latim para o mirandês 4 .Gamon, Aspho<strong>de</strong>lus ramosusO gamon, plural gamones, é uma planta vivaz, robusta com folhas basilares,flores brancas dispostas em cacho que cresce geralmente nos lameiros, meio doscarvalhais e nos terrenos incultos. Nos lameiros “encosta-se” aos muros porcausa do maneio que se faz.Alguns dos nomes comuns, em português, são abrótea, abrótea-da--primavera ou abraço-da-primavera, po<strong>de</strong>ndo também ocorrer a <strong>de</strong>signaçãogamão, que alguns dicionários registam como um provincianismo alentejano.Seja como for, na Terra <strong>de</strong> Miranda, ela é exclusivamente conhecida porgamon, com o plural característico do mirandês gamones.Registe-se ainda a sua ocorrência no topónimo e colectivo gamonal (lugar<strong>de</strong> gamões).Quanto aos usos medicinais, a sua seiva utiliza-se para a cicatrização dasimpinges. Outra utilização, não medicinal, é para fazer brinquedos <strong>de</strong> crianças,nomeadamente as bola<strong>de</strong>iras, cata-ventos tradicionais elaborados com estesgamões, picos <strong>de</strong> silva e um pedaço <strong>de</strong> papel.Nalgumas localida<strong>de</strong>s, as inflorescências <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> secas, e à semelhançadas silvas, foram utilizados para acen<strong>de</strong>r a can<strong>de</strong>ia e também para alumiar ascasas, antes <strong>de</strong> chegar a energia eléctrica. Também se conta que nos tempos <strong>de</strong>fome se fazia farinha das raízes subterrâneas <strong>de</strong> reserva muito ricas em glícidos.4 As “atribulações”evolutivas que a forma sofreu em português estão também presentes na formacastelhana “hinojo”, que muito embora <strong>de</strong>rive do latim fenucŭlum, foi buscar o “i “ por confusãocom o “i “ <strong>de</strong> “hinojo” (genucŭlum > yenojo > hinojo).

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