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Revista de Letras - Utad

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222 Maria Luísa <strong>de</strong> Castro SoaresEnfim, ganham dimensão sagrada o Mar e a Montanha, as “ondas <strong>de</strong>Camões” (Pascoaes 1986: 72) e Marânus <strong>de</strong> Teixeira <strong>de</strong> Pascoaes. O Mar e aMontanha são duas formas que se harmonizam e dissolvem num panteísmo aque o Poeta chamousaudosista, por ele traduzir o estado emotivo e sentimental da alma pátria,que teve a sua origem na paisagem e no cruzamento das tendênciashereditárias <strong>de</strong> natureza sensual e espiritual (Pascoaes 1991: 118).A fim <strong>de</strong> transformar a turba <strong>de</strong>sorganizada estrangeirada e positivista numanação orgânica, Pascoaes tinha <strong>de</strong> insuflar nos Portugueses uma alma viva.Tinha <strong>de</strong> dar-lhes um novo código moral e um novo corpo <strong>de</strong> leis: a Sauda<strong>de</strong>re<strong>de</strong>ntora. É esse o estribilho das suas alegorias em torno do Marão físico emítico. Assim, a viagem da personagem Marânus pela montanha tem <strong>de</strong> ser vistacomo cumprimento <strong>de</strong> um percurso da Sauda<strong>de</strong> e o coroar da primeira viagemquinhentista:A Sauda<strong>de</strong> procurou-se no período quinhentista, sebastianizou-se noperíodo da <strong>de</strong>cadência, e encontrou-se no período actual (Pascoaes,in Gomes 1988: 49) 3Da procura ao encontro: eis o percurso proposto por Pascoaes, em torno dosentimento saudoso nacional. No seu Saudosismo <strong>de</strong> dimensão lusitanista,Pascoaes vai mais longe, sendo verda<strong>de</strong>iro anunciador messiânico <strong>de</strong> um novociclo gnosiológico, antropológico e histórico da humanida<strong>de</strong>. É este o sentido dopercurso do homem luso em Mâranus:E, no Infinito on<strong>de</strong> subiu, a Aventura, feita Messianismo, penetrou-se<strong>de</strong> vigor celeste; e rasgando o nevoeiro da manhã sebastianista, reaparecena terra <strong>de</strong> Portugal, vestida espiritualmente em luz <strong>de</strong> sol – e é a novaSauda<strong>de</strong> pela niti<strong>de</strong>z viçosa do seu perfil, em cujos lábios a tristeza ri:a tristeza, lembrança do Passado, iluminada <strong>de</strong> esperança, prometendo anova Era Lusitana... (Pascoaes, in Gomes 1988: 74)Este trecho do opúsculo pascoalino O génio português na sua expressãofilosófica, poética e religiosa parece resumir, em prosa, a obra poética ealegórica Marânus, em que a paisagem do Marão se transfigura, dando lugar aomessianismo:3 Conferência O espírito lusitano ou o saudosismo, (1ª edição da Renascença Portuguesa. Porto,1912, p. 11). Reproduzido em Gomes 1988: 49 (citamos <strong>de</strong>sta edição).

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