Revista de Letras - Utad

Cartas do meu rio, Douro, nas Comemorações do Centenário daRepública: malhas que, por cá, a Pátria tece… *J. Esteves ReiUniversidade de Trás-os-Montes e Alto Dourojrei@utad.pt1. Pressupostos preliminares, a partir do títuloTrago a este XIV EIRI Cartas do meu rio, Douro. Não se estranhe o termocarta nem a apropriação desse curso de água, pelo recurso ao possessivo, meu.Quanto a este, trata-se de um olhar pessoal da região, pois, não partilho aprivatização dos rios como o Professor Pedro Arroja, na sua teoria económica.Quanto às Cartas, sim, são isso mesmo. Desde logo, no sentido da substituiçãomilenar dos jornais que elas representaram durante séculos, como refere CruzMalpique (1953: 9-10), na obra, Psicologia da Carta.Aonde não iam jornais iam as cartas. […] A carta reserva-se agora paraa confidência. Não assim quando as gazetas não passavam do mapa dafantasia, ou quando elas pouco mais davam do que o noticiário oficial. Omelhor post-scriptum à gazeta era a epístola [porque se aquela] eracensurada, [esta] circulava sem reservas, sem cortes, cheia de humanidadea porejar [sic] de interesse.Têm, também, as minhas Cartas, o sentido de levantamento geográfico dasterras deste Vale do Douro, à vista ou perdidas, nas latitudes e longitudes daHistória. Na verdade, a “cartografia” é um gesto tipicamente português desde osanos de quatrocentos. Com efeito,Da necessidade de perder a terra de vista por muitos dias, nasceu afeição hidrográfica dos mapas marítimos. Convinha marcar numa carta oponto do navio e conhecer o rumo conducente à costa demandada.[…] resultou o invento, genuinamente, português […] oaperfeiçoamento das cartas planas, atribuído ao Infante D. Henrique.(Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)* Conferência de encerramento do XIV Encontro Internacional de Reflexão e Investigação._______________________________________________Revista de Letras, II, n.º 9 (2010), 359-379.