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Revista de Letras - Utad

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308 Alina Maria Azevedo Sousa VazO trabalho nas vinhas preenche a vida <strong>de</strong>ssa gente, sendo a época dasvindimas, que <strong>de</strong>correm entre os meses <strong>de</strong> Setembro e Outubro, o ponto alto daazáfama nas encostas. No poema “Uma vindima”, o poeta <strong>de</strong>screve o “paraísodourado das vindimas”, da alma que faz trabalhar as rogas numa só direcção ecom um mesmo objectivo, a produção <strong>de</strong> vinho:VINDIMAÉ muito simples uma vindima:As mulheresFalam alto, cortam as uvas,Fazem <strong>de</strong> comer e sonham, sonham muito.Os homensandam com os cestos às costas, assobiam,baralham as i<strong>de</strong>ias, assobiam,pisam as uvas, envasilhame dizem: pró ano será melhor.(No ano seguinte é a mesma coisa) (Cabral 1999:40)Esta paisagem natural lavrada/trabalhada/manipulada pela mão do homemresulta em cenários esplêndidos que extasiam quem os visita. É o “Paraíso daaguarela forte das vinhas / que entram em ondas ver<strong>de</strong>s pelos olhos.” (Cabral1999: 13).Durante longos períodos o rio Douro foi a principal via <strong>de</strong> comunicação doAlto Douro. O rio “Douro passa como um rei soberbo” sob “fragas cheias <strong>de</strong>musgo” (Cabral 1999: 19) e sob, “os montes <strong>de</strong> pedra dura”, “nasce na serra <strong>de</strong>Urbion / em Espanha, ao pé <strong>de</strong> uma erva, / e vai <strong>de</strong>saguando / na erva seca <strong>de</strong>muitos olhos / que calculam a sua própria distância em vinho. (Cabral 1999:143).Este Douro é também anunciado como o “Paraíso dos nove meses <strong>de</strong>Inverno / e três <strong>de</strong> inferno” (Cabral 1999: 13). O poeta <strong>de</strong>ixa bem patente oscontrastes do clima rigoroso da região no poema “Aqui, Douro”:(…)Outubro a Junho, é o nevoeiro, sanguessugaque mor<strong>de</strong> até aos ossos e às palavras;Julho a Setembro, é o sol em lâminaque fere os olhos até ao pensamento. (Cabral 1999:13).O Douro é também “paraíso das romarias”. Nos poemas <strong>de</strong> António Cabralhá referências a festas espalhadas pelas várias terras que compõem esta região.São referidas as romarias da Senhora da Pieda<strong>de</strong>, do Viso, <strong>de</strong> S. Leonardo daGalafura, da Assunção, com principal <strong>de</strong>staque para a Nossa Senhora dos

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