12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Caminhos-<strong>de</strong>-ferro em Trás-os-Montes no século XIX 299212), a renovação <strong>de</strong> iniciativa <strong>de</strong> que foi alvo em 1890-5-10 (DCD, 1890-5-10:158-159), nem os esforços parlamentares para a execução da ligação <strong>de</strong> Braga aChaves, da Régua a Vila Real, <strong>de</strong> Miran<strong>de</strong>la a Bragança ou pelo vale do Sabornos últimos anos do período em estudo.Assim, gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> Trás-os-Montes manteve-se isolada por falta <strong>de</strong>transportes, <strong>de</strong> modo que “o maior terror que pó<strong>de</strong> inspirar-se a um funccionarioqualquer, civil ou militar, é ameaçal-o com uma transferencia para Bragança.Suppõe-se que Bragança é a Siberia” (DCD, 1880-2-23: 542), <strong>de</strong>sabafo dobrigantino Pires Vilar que em 1890 ainda fazia sentido, até pela falta <strong>de</strong> estradasque se notava (e nota) em Trás-os-Montes e no País durante muitos anos(Alegria 1990: 161 e 335. Portugal. Ministério das Obras Públicas, Comércio eIndústria 1907).ConclusãoApesar <strong>de</strong> a construção ferroviária se ter iniciado na década <strong>de</strong> 1850, só nofinal da década <strong>de</strong> 1870 os comboios entrariam em Trás-os-Montes. Este atraso<strong>de</strong>veu-se a uma panóplia variada <strong>de</strong> factores, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo o afastamentogeográfico em relação ao litoral e às duas principais cida<strong>de</strong>s do País. Além disso,Portugal era um reino <strong>de</strong> recursos limitados que tinha como priorida<strong>de</strong> ligarLisboa ao Porto e ao resto da Europa <strong>de</strong> modo a fazer da capital o gran<strong>de</strong> cais daEuropa (Pereira 2008: 154; Ramos 1996).Nas décadas <strong>de</strong> 1850 e 1860, essa ligação internacional estava longe <strong>de</strong> serealizar por Trás-os-Montes. A preferência portuguesa ia claramente por umalinha que atravessasse a fronteira entre Elvas e Almeida. No entanto, do lado dainiciativa privada (a construção pelo Estado estava completamente posta <strong>de</strong>parte, nesta altura) e <strong>de</strong> Espanha só havia disponibilida<strong>de</strong> para continuar a linhainternacional por Badajoz (Alegria 1990: 243-251). Por outro lado, o receio peladificulda<strong>de</strong> e altos custos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> caminhos-<strong>de</strong>-ferro à medida que seavançava para Norte (catalisado pelo <strong>de</strong>sconhecimento cartográfico do País 5 )tornava menos incerta a aposta pelo litoral e pelo Alentejo.A nível local, o Alentejo, além da vantagem da proximida<strong>de</strong> em relação aLisboa, contava também com o interesse <strong>de</strong> ricos e influentes empresários (alinha do Sul foi iniciada também na década <strong>de</strong> 1850 com apoio estatal poriniciativa do Marquês <strong>de</strong> Ficalho e <strong>de</strong> José Maria Eugénio <strong>de</strong> Almeida,prósperos proprietários no Alentejo e membros da Câmara Alta do parlamento),ao passo que a norte só o Douro vinhateiro parecia justificar um investimentoavultado num caminho-<strong>de</strong>-ferro. No entanto, a mínima satisfação com o5 Só em 1865 é publicado o primeiro mapa mo<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Portugal, construído sobre sólidas basescientíficas, apesar da sua elevada escala (1:500 000) e das limitações do seu levantamento, antesda conclusão dos trabalhos <strong>de</strong> triangulação (Branco 2003: 110-111 e 115-116; Dias 1999: 51).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!