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Revista de Letras - Utad

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338 Susana FontesEsta estrutura apresenta claramente algumas vantagens em relação ao livro,uma vez que atinge um público mais vasto, que, ao longo dos tempos, ultrapassaos limites das classes privilegiadas, dos homens <strong>de</strong> letras e alcança outras franjassociais entusiasmadas pela sua actualização constante, possível graças aosjornais e revistas que começaram a surgir <strong>de</strong> uma forma crescente.Para o aparecimento do periodismo na sua forma actual foram necessáriasvárias condições: “a) os progressos na arte <strong>de</strong> impressão; b) o <strong>de</strong>senvolvimentodos meios <strong>de</strong> comunicação; c) a publicida<strong>de</strong> comercial; d) o interesse público;e) uma legislação a<strong>de</strong>quada.” (Vieira 2001: 9). O interesse do público queprocurava os jornais era maioritariamente comercial, político e militar. Naspáginas dos periódicos po<strong>de</strong>mos encontrar, com regularida<strong>de</strong>, informação acercadas crises e respectivos locais, da situação política e financeira dos estados, dosurgimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados inventos, informações acerca dos produtos erespectivos mercados, do movimento portuário, entre outros dados, para alémdas informações que começam a surgir na incipiente secção <strong>de</strong>stinada aosanúncios.Os europeus viviam num continente on<strong>de</strong> as relações comerciais, a religião,os sistemas políticos, muitas vezes comuns, criam neles um sentimento <strong>de</strong>irmanda<strong>de</strong>, que os conduz a um interesse por conhecer tudo o que se passanesses mesmos países. Nesta Europa inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a imprensa periódicaganha cada vez mais importância e passa a funcionar “como elo organizado <strong>de</strong>informação e cultura, pois vai proporcionar que consi<strong>de</strong>rável número <strong>de</strong> pessoaspossa seguir as evoluções e peripécias, não só no campo político, diplomático emilitar, mas no social, <strong>de</strong>screvendo a vida faustosa das cortes que tantafascinação exerceu sempre sobre os povos.” (Vieira 2001: 15).Apesar das semelhanças ao nível <strong>de</strong> formato entre os livros e os periódicos(como é o caso dos títulos longos, numeração anual das páginas, o uso daexpressão “obra periódica”), estes últimos conseguiram apresentar e consolidaralgumas características próprias.As gazetas eram publicadas segundo um sistema <strong>de</strong> privilégio, usado peloEstado como forma <strong>de</strong> controlo das produções escritas, o que <strong>de</strong>nota umacrescente preocupação por parte do sistema político em relação à influência queestas publicações pu<strong>de</strong>ssem exercer. O sistema <strong>de</strong> privilégio funcionava comouma espécie <strong>de</strong> muralha que protegia as monarquias absolutas e impedia acirculação <strong>de</strong> informação que não lhes interessava.Os gazeteiros eram colaboradores do rei ou <strong>de</strong> ministros reais (como é ocaso da relação estabelecida por Renaudot e Richelieu e <strong>de</strong> Fabro com Juan José<strong>de</strong> Áustria), num esquema <strong>de</strong> imprensa oficial, editada sob privilégio e que<strong>de</strong>veria apresentar a versão oficial dos factos.

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