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Revista de Letras - Utad

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310 Alina Maria Azevedo Sousa Vazforam passando <strong>de</strong> geração em geração contando o “aparecimento <strong>de</strong><strong>de</strong>terminada imagem ou o relato acerca <strong>de</strong> manifestações do divino” (Pereira eBarros 2001: [s/p]).António Cabral refere ainda o “paraíso dos caminhos tortuosos” tãocaracterísticos <strong>de</strong>sta região e <strong>de</strong>ixa transparecer nos seus poemas os sentimentosque os mais diversos passeios lhe proporcionavam, relatando momentos vividose experienciados pelo seu olhar. Os seus cinco sentidos eram verda<strong>de</strong>iros aliadospara a produção poética e os elementos da natureza eram a fonte <strong>de</strong> inspiração.A <strong>de</strong>scrição do voo inóspito <strong>de</strong> codornizes, a pressa com que a raposa passa pelavinha, o voo amplo do grifo predador, o voo vígil do milhafre, o pombo bravo, ogato, a rola, o pato bravo, a perdiz quando é encontrada pelo cão no acto da caça,bem como a intensa vegetação são merecedores <strong>de</strong> versos sentidos que o ajudama enaltecer os cheiros, as luzes, os usos e costumes que os inícios e fins <strong>de</strong> dialhe proporcionavam. O poema “Momento” é exemplificativo da <strong>de</strong>scriçãopormenorizada <strong>de</strong> uma paisagem natural:MOMENTONesta manhã <strong>de</strong> Abril a terra falae cada coisa diz uma palavra:o sol, as árvorese aquele melro,carvão aceso numa urze em flor.Trazemos os pés húmidos da relva,mas, sob o pólen fulvo dos pinheiros,que a aragem leva,uma forte volúpianos dilata as narinas e transbordanos olhos ledos como poços cheios.Tudo é florido, estevas e carquejas…Não há ave sem canto,não há ramo sem flor.Amarelo, lilás, vermelho, branco,cem cores, ao passarmos, nos saúdam;e este cheiro fresquíssimodiz-nos que por aqui há rosmaninho.O sol é um cântico. (Cabral 1999: 18).A sua obra <strong>de</strong>ixa ainda transparecer referências às quintas durienses como aRomaneira, Roriz, Síbio, Smith, dos Fra<strong>de</strong>s, do Merouço e Roncão. As quintasforam “no Douro a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração agrária por excelência, vocacionadapara a vinicultura. Nelas se integram a casa <strong>de</strong> habitação, uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estruturas <strong>de</strong> apoio à activida<strong>de</strong> produtiva e às terras, cultivadas ou <strong>de</strong> monte”(Mansilha 2002: 159). Nos hectares circundantes às quintas, os proprietários oucaseiros cuidavam <strong>de</strong> todas as outras culturas que eram adaptadas tendo em

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