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Revista de Letras - Utad

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Marão: Rota do Sagrado em Teixeira <strong>de</strong> Pascoaes 231verda<strong>de</strong> ontológica. Esta revelação realiza-se − na libertação do tempo e doespaço − pela morte ou integração <strong>de</strong> Marânus na sua face espiritual 20 . Só ela,personificada em Eleonor, restaura plenamente no luso peregrino a sua imagem,repondo-o em harmonia consigo próprio e com a Sauda<strong>de</strong>.A obra pascoalina encerra com “A Sauda<strong>de</strong> e a Sombra <strong>de</strong> Marânus”, on<strong>de</strong>se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a consubstanciação da Sauda<strong>de</strong> na alma do homem luso 21 . Este,<strong>de</strong>smaterializado, tornado “sombra” 22 , essencializado, será cheio <strong>de</strong> toda aplenitu<strong>de</strong> da Deusa e co-eterno com Ela:Na verda<strong>de</strong>, me pertences!Agora, serás meu, por todo o sempre!(Pascoaes 1990: 153)Em face da morte, a Sauda<strong>de</strong> oferece a Marânus a <strong>de</strong>scoberta simultânea dasua situação no Cosmos, da incomensurabilida<strong>de</strong> divina e da sua I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Na total tomada <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> si próprio, enquanto homem e português,Marânus em “seu mundo interior com serra e mar” (I<strong>de</strong>m, 69) vem, por sua vez,oferecer uma Pátria ao Infinito Saudosista, porquea Sauda<strong>de</strong> é irmã da Eternida<strong>de</strong>(Pascoaes 1990: 153).Referências BibliográficasBotelho, Afonso (1960): Do Saudosismo como movimento. Braga: s/eCamões, Luís <strong>de</strong> (1972): Os Lusíadas (1ª ed. 1572). (Com leitura, prefácio enotas <strong>de</strong> Álvaro Júlio da Costa Pimpão e apresentação <strong>de</strong> Aníbal Pinto <strong>de</strong>Castro). Lisboa: Atlântida.20 A morte material do sujeito herói <strong>de</strong> Marânus é exigida para se operar a sua integração naDivinda<strong>de</strong>. É na linha temporal do homem que se inscreve o atemporal da Pátria Celeste.A situação limite da Morte, limitando a or<strong>de</strong>m empírica do ser é limitada por algo além <strong>de</strong>la. Dasua imanência irrompe a Transcendência.21 Em artigo d’A Águia (2.ª Série, n.º 2, 1912), Pascoaes apresenta “a verda<strong>de</strong>ira interpretação daSauda<strong>de</strong>, isto é, a verda<strong>de</strong>ira interpretação do génio, do espírito, da alma portuguesa”. E, maisadiante, acrescenta: “A Sauda<strong>de</strong> é a personalida<strong>de</strong> eterna da nossa Raça” (Pascoaes, in Guimarães1988: 70 e 71, respectivamente)22 O vocábulo “sombra” é nitidamente pascoalino e susceptível <strong>de</strong> criar algum equívoco. A sombra(que para Platão, na “Alegoria da Caverna”, e para neoplatónicos era a aparência, a matéria, ofenómeno) é em Pascoaes a essência, o númeno, o espírito.

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