12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A História n’ “A Inaudita Guerra” <strong>de</strong> Mário <strong>de</strong> Carvalho 327meta-empíricos. De forma alienada, os automobilistas e as forças <strong>de</strong> segurançaaceitam a ocorrência, pensando tratar-se <strong>de</strong> um reclame ou <strong>de</strong> um filme.Os árabes, pelo contrário, apercebendo-se da estranheza do fenómeno,questionam-no. Parece isto querer significar que o homem hodierno per<strong>de</strong>u acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar, aceita passivamente o que se lhe apresenta, tão absorvidoestá na sua vida agitada. Com espírito pragmático e materialista, as suaspreocupações limitam-se às consequências que, <strong>de</strong> forma directa e imediata,perturbam o seu quotidiano.Por fim, sem qualquer comparação possível, está bem patente a intervençãomorosa das forças <strong>de</strong> segurança pública, porque quem estava no terreno não temautonomia para actuar, sujeita a uma série <strong>de</strong> formalismos:Dado que se lhe afigurava existir insegurança para a circulação <strong>de</strong>pessoas e bens na via pública, aguardava or<strong>de</strong>ns e passava à escuta.De lá lhe disseram que iriam provi<strong>de</strong>nciar e que se limitasse apresenciar as ocorrências, mas sem intervir por enquanto. (Carvalho 1992:29)A manipulação que Mário <strong>de</strong> Carvalho faz do tempo, ao apagar barreirastemporais e ao fazer coincidir épocas distantes, não é feita numa perspectivanostálgica, mas sim, com uma intenção crítica e problematizante. O autor recusauma atitu<strong>de</strong> passiva relativamente à História e reivindica uma consciênciametahistórica, ao realçar aspectos comuns ao indivíduo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente daépoca a que pertence, sugerindo, não obstante, diferenças <strong>de</strong> mentalida<strong>de</strong>s ecostumes geradas pelo tempo.Referências BibliográficasAlves, Adalberto (1999): Portugal - Ecos <strong>de</strong> um Passado Árabe. InstitutoCamões: 1-63. Internet. Disponível em http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes.html (consultado a 1/3/2009).Araújo, Manuel Luís (1983): “Os Muçulmanos no Oci<strong>de</strong>nte Peninsular”. In:Saraiva, José Hermano: História <strong>de</strong> Portugal. Toledo: Publicações Alfa.Arnaut, Ana Paula (2002): Post-Mo<strong>de</strong>rnism no Romance PortuguêsContemporâneo – Fios <strong>de</strong> Ariadne – Máscaras <strong>de</strong> Proteu. Coimbra:Almedina.Barbéris, Pierre (1991): Prélu<strong>de</strong> à l’utopie. Paris: PUF – Écriture.Brau<strong>de</strong>l, F. (2005): Escritos sobre a História. S. Paulo: Perspectiva.Carr, E. H (1961): Que é a História? Lisboa: Gradiva, Publicações Lda.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!