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Revista de Letras - Utad

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Os modos verbais nas gramáticas latino-portuguesas 1473. ConclusãoPara todos os gramáticos das línguas vernáculas dos primeiros tempos, era<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância o exemplo da gramática latina, quer segundo o mo<strong>de</strong>lodas gramáticas clássicas ou contemporâneas, quer ainda em forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>scriçõesdas línguas vernáculas inspiradas em gramáticas influenciadas pela tradiçãolatina (cf. Padley 1985: 1-5). A Ars grammaticæ pro lingua Lusitana addiscenda(1671) do jesuíta Bento Pereira constitui um caso especial <strong>de</strong> uma influênciaentre duas obras gramaticais: nela, as glosas portuguesas ao sistema verbal naDe institutione grammatica <strong>de</strong> Manuel Álvares (1572), que tinham sidointencionadas como ajuda didática para os alunos, servem como base para partesinteiras do tratamento que o borbense faz, por exemplo, na morfologia verbal.A transposição das categorias modais latinas para o português colocapoucos problemas a Álvares porque parte <strong>de</strong> uma base onomasiológica à qualatribui formas das duas línguas. Observam-se incoerências quando Álvares seafasta da base semântica para, em vez disso, usar critérios morfossintáticos(conjuntivo e infinitivo). Como acontece em muitos outros aspetos, Pereira adotaas categorias modais alvarenses, mas não as <strong>de</strong>fine explicitamente do ponto <strong>de</strong>vista semântico, caraterizando-as antes através das partículas que asacompanham e relegando os modos potencial e permissivo, tão caraterísticos daobra <strong>de</strong> Álvares, para um lugar secundário. O gramático procura remediar asincoerências que resultam para o português no conjuntivo e no infinitivo, sem,aliás, chegar a questionar o seu mo<strong>de</strong>lo.A gramática <strong>de</strong> Bento Pereira caiu no esquecimento, à semelhança das<strong>de</strong>mais gramáticas das tradições gramaticais latino-portuguesa e mesmoportuguesa dos séculos XVII e XVIII. No entanto, as censuras feitas contra aArs grammaticæ, por exemplo, por António José dos Reis Lobato, só em partepo<strong>de</strong>m ser sustentadas. Assim, tanto o uso do latim como a estreita aproximaçãoà gramática <strong>de</strong> Álvares po<strong>de</strong>m ser justificados pelo facto <strong>de</strong> o público-alvo daobra ter sido, em primeiro lugar, os missionários jesuítas, que <strong>de</strong>sta formapodiam igualmente tirar proveito do facto <strong>de</strong> não somente lhes ser conhecida ametalíngua da gramática mas também a disposição do conteúdo. A crítica <strong>de</strong>aspetos individuais da representação traduz-se em forma semelhante àsgramáticas contemporâneas e parece que os comentários maliciosos, queparecem ter sido dirigidos mais contra os jesuítas do que contra as suaspublicações, tiveram o efeito <strong>de</strong> marcar a imagem da Ars grammaticæ mais doque o conteúdo da própria gramática.É marcadamente incontestável a falta <strong>de</strong> originalida<strong>de</strong> na obra <strong>de</strong> BentoPereira. O mo<strong>de</strong>lo, a Institutio <strong>de</strong> Manuel Álvares, é uma obra didáticadivulgadíssima tanto em Portugal como na Europa. Apesar <strong>de</strong> ter sido criticadaem Portugal como manual monolingue do ensino jesuítico do latim já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a

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