12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Yerbas i árboles <strong>de</strong> la Tierra <strong>de</strong> Miranda 17Azedas <strong>de</strong> la raposa, Umbilicus rupestrisA Terra, como gran<strong>de</strong> barriga que é, tem, obviamente, muitos umbigos,vestígios dos inumeráveis filhos que viu nascer. Na Terra <strong>de</strong> Miranda, noOutono/Inverno, ela usa estes umbigos-<strong>de</strong>-Vénus, plantas rasteiras da famíliaCrassulaceae que, em mirandês, se conhecem como azedas <strong>de</strong> la raposa.As folhas, carnudas, apresentam uma <strong>de</strong>pressão central no ponto on<strong>de</strong> estãoligadas ao caule que secam quando surgem as flores.Outras das <strong>de</strong>signações regionais são azedões das pare<strong>de</strong>s, bacielhos <strong>de</strong> laspare<strong>de</strong>s e também bacelos. As últimas formas estão muito próximas <strong>de</strong> algumas<strong>de</strong>signações comuns em português concelos ou coucelos. A sua origem éprovavelmente o latim calicéllus, pequeno cálice ou pequeno copo, diminutivodo latim càlix, -ìcis, o que nos reenvia directamente para a forma das suas folhas.Mas a alusão à raposa transporta-nos igualmente para a tradição oral na qual esteanimal, matreiro e manhoso, engana sistematicamente o lobo, mais forte eopressor. Para tal, não hesita em servir-se da mentira e do disfarce. Mas elaengana também os homens, é o terror dos galinheiros, finge-se morta para <strong>de</strong>poisescapar ilesa e triunfante. Por isso, que melhor vingança para o ser humano doque enganar o enganador, dizendo-lhe que estas são as verda<strong>de</strong>iras azedas,comestíveis e saborosas? Por outro lado, uma vez que as azedas <strong>de</strong> la raposacrescem em lugares solarengos, incluindo entre as pedras dos muros, elas po<strong>de</strong>migualmente ser associadas à raposa <strong>de</strong> quem se diz, na literatura oral e nascrenças populares, que está sistematicamente sentada ao sol, vigiando oshumanos e à espera <strong>de</strong> dar o próximo golpe.Quanto às proprieda<strong>de</strong>s medicinais, <strong>de</strong>vido às suas característicasemolientes, sabemos que elas são utilizadas para amaciar e curar os calos. Noentanto, é bem provável que também sirva para outros fins, nomeadamente paracicatrizar fissuras, feridas ou úlceras, tal como, aliás, o fazem lembrar algumas<strong>de</strong>signações comuns, em castelhano: hierba <strong>de</strong> bálsamo e hojas <strong>de</strong> curalotodo.Fedigueira, Pistacia terebinthusA cornalheira ou terebinto é uma planta do género Pistacia, nativa daregião mediterrânica. Na Terra <strong>de</strong> Miranda encontra-se sobretudo nas arribas doDouro, agarrada aos paredões ou crescendo do meio das fragas on<strong>de</strong> encontraum pouco <strong>de</strong> terra. Os frutos consistem em pequenas drupas globulares, <strong>de</strong> corvermelha a negra quando maduros. Todas as partes da planta têm um forte odorresinoso e forma frequentemente “galhas” (uma espécie <strong>de</strong> tumores provocadospor insectos) com a forma <strong>de</strong> “cornos”.Os dicionários apontam a forma fedigueira como sendo um regionalismotransmontano, referindo igualmente que, etimologicamente, tem uma origemobscura. Contudo, parece-nos provável que a sua origem possa estar relacionada

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!