12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Yerbas i árboles <strong>de</strong> la Tierra <strong>de</strong> Miranda 15mostra-o bem – sobrepor as palavras <strong>de</strong> uma língua para outra. As línguas, talcomo os mapas e enquanto expressão da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> culturas, guiam-nos na<strong>de</strong>scoberta do seu mundo.É sobre alguns <strong>de</strong>stes princípios que assenta este trabalho. Propomos umaabordagem pluridisciplinar da língua e da cultura miran<strong>de</strong>sas, com incursõespela filologia, pela etnobotânica, mas também pelos saberes tradicionais on<strong>de</strong> seincluem quer as <strong>de</strong>signações quer os usos e costumes ligados às plantas.Procuraremos, nas <strong>de</strong>nominações comuns, em mirandês, <strong>de</strong> algumas ervas eoutras plantas da região, <strong>de</strong>svendar um pouco da urdidura com que a línguaenvolve essas realida<strong>de</strong>s para melhor as explicar, as compreen<strong>de</strong>r e ascomunicar.2. A Terra <strong>de</strong> Miranda: usos e costumesA Terra <strong>de</strong> Miranda correspon<strong>de</strong> a uma região que, hoje em dia, coinci<strong>de</strong>com o chamado Planalto Mirandês, ocupando parte dos concelhos <strong>de</strong>Mogadouro, Vimioso e Miranda do Douro, no extremo Nor<strong>de</strong>ste Português.A planura, com uma cota média a rondar os 700 metros <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, prolonga-sepor terras <strong>de</strong> Castela, só cortada, abruptamente, pelas profundíssimas falésias doDouro. Aproveitando este corte natural, on<strong>de</strong> o rio, milenar e sereno, foicavando as suas impressionantes arribas, aqui se estabeleceu a fronteira políticacom a Espanha. É nestes afloramentos rochosos que se estriba o Planalto,<strong>de</strong>ixando que as suas fragas se estendam, sequiosas, para mergulhar afoitamenteno rio. Na soli<strong>de</strong>z granítica do arribado crescem os carrascos (Quercus ilex,subsp. ballota) 1 , os zimbros (Juniperus oxycedrus) e, à medida que vamossubindo pelas arribas, aparecem pequenos sobreirais (Quercus suber), la<strong>de</strong>adospor bandos <strong>de</strong> tomilhos (Lavandula pedunculata, Lavandula stoechas, Thymuszygis e Thymus mastichina), <strong>de</strong> giestas (Cytisus multiflorus e Cytisus scoparius),<strong>de</strong> piornos (Genista hystrix e Echinospartum ibericum) e chaugarços (Halimiumumbelatum subsp. viscosum e Halimium ocymoi<strong>de</strong>s) e também alguns cardos,sem esquecer as muitas plantas como a roseira brava (Rosa canina), amadressilva (Lonicera etrusca), a flor da raposa (Paeonia broteri) ou asabelouras (Digitalis purpurea), que em cada ano nos dão conta da exuberânciaprimaveril <strong>de</strong>sta região.Nas dobras das arribas, on<strong>de</strong> o regaço da terra se abre em dádiva, asoliveiras (Olea europaea), plantadas em socalcos seculares, exibem o seu ver<strong>de</strong>suplicante as enormes e fartas folhas <strong>de</strong> figueira (Ficus carica). Também elas, àsemelhança das populações, foram conquistando terreno, <strong>de</strong>ixando as arribas eganhando raízes nas terras planas. Mas sabem que não po<strong>de</strong>m subir muito1 Nomenclatura científica <strong>de</strong> acordo com a Flora Iberica (1986-2010) e Carvalho (2010).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!