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Revista de Letras - Utad

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Yerbas i árboles <strong>de</strong> la Tierra <strong>de</strong> Miranda 19Relativamente à sua origem etimológica, os dicionários portugueses, talcomo o da Real Aca<strong>de</strong>mia Espanhola, consi<strong>de</strong>ram-no <strong>de</strong> “origem incerta”.Contudo, Xosé Lluis García Árias propõe, para o asturiano, on<strong>de</strong> a forma ocorrecom o mesmo significado que na Terra <strong>de</strong> Miranda, uma etimologia que nosparece também a<strong>de</strong>quada para o mirandês, com origem na forma latina calamus(cana), com passagem pelas formas cá(r)amu > *gá(r)amu > gamu, sendo aforma gamon um aumentativo 5 (García Árias 2008: 226).Malba, Malva sylvestrisEsta é, sem dúvida, outra das plantas à qual são atribuídas mais capacida<strong>de</strong>scurativas <strong>de</strong>vido às suas características medicinais, humanas e veterinárias.A forma miran<strong>de</strong>sa é fiel ao latim malva, embora, tal como em castelhano,se tenha perdido a diferença entre /b/ e /v/ pelo que se optou por escrever sempre/b/. Segundo as informações que obtivemos 6 o cozimento <strong>de</strong> “malba” serve paralavar as feridas e também para ajudar no funcionamento dos intestinos.Informam-nos igualmente que “ye la raiç que ten malzina” e não as folhas oucaules. Contudo, noutras regiões, só se utiliza a parte aérea, ou seja os caulescom folhas e flores.Monhicreiro, Digitalis purpureaOutra das plantas com “malzina” é este monhicreiro, também conhecido poryerba <strong>de</strong> ls lhagartos ou abelhouras (nome que ouvimos em Freixenosa). Esta<strong>de</strong>signação correspon<strong>de</strong>, aliás, ao português abeloura 7 , em que é tambémconhecida por <strong>de</strong>daleira, erva-<strong>de</strong>dal, entre outras. Esta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>de</strong>signações mostra, sem dúvida, a importância que lhe é atribuída pelasdiferentes culturas. E é neste sentido que <strong>de</strong>vemos encarar a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomesque encontramos também em mirandês, alguns <strong>de</strong>les bens elucidativos dacriativida<strong>de</strong> popular: monhicreira ou monhecreira, paçparroteira, coneilhos,yerba <strong>de</strong> l coixo…Por exemplo, o nome mais comum – monhicreiro – resulta, certamente, daassociação imagética entre a flor <strong>de</strong>sta planta e uma “monheca” ou “monhecra”,ou seja, uma boneca. Curiosamente, em castelhano, on<strong>de</strong> se regista também uma5 Outra curiosida<strong>de</strong> ligada a esta planta é o facto <strong>de</strong> em asturiano ser conhecida por pitaciega (emcastelhano gallina ciega), nome que, segundo García Árias, está relacionada com um jogo infantilque consiste em vendar os olhos a uma criança, geralmente com um lenço branco, que <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>poistocar os outros que participam no jogo. Ora, em mirandês, o jogo recebe o mesmo nome, sem que,no entanto, a planta tenha essa <strong>de</strong>signação. Neste sentido, tratar-se-á <strong>de</strong> uma antiga <strong>de</strong>signaçãocuja motivação etimológica se per<strong>de</strong>u, em mirandês. Contudo, ainda assim, ela continua a unir-nosao velho domínio ástur.6 Recolhidas em Freixenosa (concelho <strong>de</strong> Miranda do Douro), junto da Sr.ª Clementina RosaAfonso.7 Cândido <strong>de</strong> Figueiredo (1913) interroga-se se a <strong>de</strong>signação “abeloira” ou “abeloura” não será porconfusão com “abelhoira” uma vez que na sua flor “as abelhas se <strong>de</strong>moram, <strong>de</strong>ixando umasubstância melífera, que os rapazes procuram e apreciam.”

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