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Revista de Letras - Utad

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128 Barbara Schäfer-Prießcomprovou Silva Neto (1986: 513-515), a língua portuguesa era <strong>de</strong> facto umalíngua muito divulgada, por exemplo, nas costas africanas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVI,<strong>de</strong> maneira que mesmo jesuítas falantes <strong>de</strong> outras línguas tinham razão <strong>de</strong>apren<strong>de</strong>r esta língua (também a <strong>de</strong>dicatória anterior «Ad Mariam sempervirginem <strong>de</strong>i matrem» reza a este respeito: «[...] ut quicunque velint Lusitanamlinguam addiscere, poßint in omni vastissima Lusitanorum ditione interbarbaras & incultas nationes Christianæ fi<strong>de</strong>i esse propagatores»).No atinente à comparação com outras línguas, antigas como mo<strong>de</strong>rnas,Pereira (1672: 10) consi<strong>de</strong>ra entre outros assuntos que o português teria avantagem <strong>de</strong> ser a mais simples <strong>de</strong> todas:Ex hac ratione, & aliis in progressu occurrentibus patebit linguam Lusitanam esselongè faciliorem vt addiscatur, quàm Latinam, & Græcam; in quibus reperitur magnavarietas <strong>de</strong>clinationum, ingens diversitas casuum in vtroque numero: & (quod pejusest) multitudo dictionum irregularium, quæ omnia reddunt linguarum disciplinamvaldè difficilem. In reliquis vulgaribus, Castellana, Itala, Gallica, Anglica & similibus,quamuis militet ea<strong>de</strong>m facilitatis ratio, tamen nonnullæ ex illis sunt longè difficilioresLusitana, ex aliis principiis.Sobre o <strong>de</strong>stino da Ars grammaticæ em Portugal ou em outros paísessomente há informações escassas. Na sua volumosa História da Companhia <strong>de</strong>Jesus na Assistência <strong>de</strong> Portugal, Rodrigues (1931-1950, III: 94) apenasmenciona a obra <strong>de</strong> forma muito breve numa nota <strong>de</strong> rodapé. Na panorâmicasobre a história da linguística portuguesa <strong>de</strong> Vasconcelos (1929: 867), só seencontra um único comentário breve sobre a gramática <strong>de</strong> Pereira:Reis Lobato (1721) [sic!] foi em gramática um instrumento do Marquês <strong>de</strong> Pombal nasobras <strong>de</strong> reforma contra o ensino jesuítico; discípulo das doutrinas <strong>de</strong> Sanches,Perizonio, Vossio, Sciopio e Lancello, combate duramente a Grammatica do P. e BentoPereira, só porque êste seguiu o método <strong>de</strong> Alvarez, reprovado por el-rei D. José.Também Ver<strong>de</strong>lho (1982: 14-23), cujo artigo se concentra sobretudo nasobras lexicográficas, apenas menciona a crítica <strong>de</strong> Lobato no que respeita à Arsgrammaticæ, que, como vimos atrás, tinha atacado a obra do borbense comalguma intensida<strong>de</strong> no âmbito do prefácio à sua gramática, por um lado porque aobra estava redigida em latim, por outro lado por a Prosódia, o compêndiolexicográfico do mesmo autor, ter sido expressamente proibida no âmbito daprimeira reforma do sistema educativo em 1759, tendo-se Pereira, para alémdisso, orientado pelos ensinamentos do igualmente proibido Manuel Álvares.A última objeção será certamente lícita como observação, se bem que não pareçapertinente sem mais como repreensão: a função da Institutio como mo<strong>de</strong>lo daArs grammaticæ não po<strong>de</strong> ser ignorada.

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