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Revista de Letras - Utad

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32 António Bárbolo Alves, Margarida Telo Ramos e Ana Maria Carvalhospineiro facilmente se relaciona também com spinus (espinhos) que esta árvoretem ao longo dos seus ramos.É a mesma metátese, <strong>de</strong> pilrito por pirlito, que encontramos na <strong>de</strong>signaçãodos seus frutos, tal como se po<strong>de</strong> ouvir nesta cantilena:Pilriteiro que dás pilritosPorquei nun dás cousa buona?Cada un dá l que tenCunforme la sue pessona.Xara, Cistus ladaniferEstamos em presença <strong>de</strong> mais um arabismo que se conservou na regiãomiran<strong>de</strong>sas. Para além da planta, registe-se a igualmente a ocorrência dotopónimo xaral, que tanto po<strong>de</strong> <strong>de</strong>signação um lugar coberto <strong>de</strong> xaras como umaterra cheia <strong>de</strong> vegetação, significado que provém igualmente do árabe e que estána origem da própria palavra xara.A planta, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seca é muito utilizada para aquecimento, nomeadamentepara acen<strong>de</strong>r as lareiras.Algumas conclusões- O homem mirandês viveu (e vive) <strong>de</strong> mãos dadas com a Natureza. Nomeoua,<strong>de</strong>scobriu-a, tratou-a como um todo. É este o sentido da verda<strong>de</strong>iraecologia, ou seja, há harmonia entre a Terra e o Homem;- As <strong>de</strong>signações “miran<strong>de</strong>sas” abraçam a supraterritorialida<strong>de</strong> que lhe advémda sua situação histórico-geográfica, fazendo do mirandês uma língua masque beneficia do contacto entre diferentes idiomas;- Os nomes comuns em mirandês revelam-se <strong>de</strong> interesse para a história dalíngua, pois neles po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar algumas ca<strong>de</strong>ias etimológicas<strong>de</strong>saparecidas ou menos transparentes em outros idiomas. Por outro lado,neles se <strong>de</strong>scobre também um pouco do génio criador da língua, ou seja, damalha com que se tece e or<strong>de</strong>na o seu mundo;- É necessário prosseguir os estudos pluridisciplinares, nomeadamente nocampo da etnobotânica e da etnolinguística, quer para a <strong>de</strong>scoberta evalorização das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s locais e regionais, quer para a investigação <strong>de</strong>outros usos que, <strong>de</strong> outra forma, seria mais difícil <strong>de</strong> encontrar.

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