12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

348 Marlene Loureiroentendida como um conjunto <strong>de</strong> normas sociais estabelecidas numa socieda<strong>de</strong>,que regulam o comportamento dos seus membros <strong>de</strong> acordo com cadacircunstância. Assim, aquele que seguir essas regras será consi<strong>de</strong>rado cortês,quem não se ajustar a elas será consi<strong>de</strong>rado não cortês ou <strong>de</strong>scortês (Sopeña--Balordi 2004: 304).No atinente à cortesia verbal, esta resi<strong>de</strong> fundamentalmente no que sechama <strong>de</strong> “contrato conversacional”. Este contrato diz respeito aos direitos e<strong>de</strong>veres das pessoas que estão em conversação, sendo que aqueles têm umcaráter universal, embora possam variar sensivelmente <strong>de</strong> cultura para cultura,<strong>de</strong> grupo para grupo, <strong>de</strong> situação para situação, <strong>de</strong> indivíduo para indivíduo(Cf. Brown e Levinson 2009: xiii). Por conseguinte, a cortesia verbal inscreve-seno domínio da produção discursiva e parte da consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que acomunicação verbal só existe por uma atitu<strong>de</strong> intencional do locutor, que sedirige ao alocutário para alcançar <strong>de</strong>terminado objetivo, e que o uso a<strong>de</strong>quado dalinguagem constituirá um elemento <strong>de</strong>terminante para o alcance do objetivoestipulado. Esta a<strong>de</strong>quação obviamente refere-se não somente às intenções dolocutor, mas essencialmente ao modo como as transmite, ou seja, aos recursoslinguísticos <strong>de</strong> que se socorre para manter uma relação convenientemente cordialentre si e o alocutário (Sopeña-Balordi 2004: 304).Portanto, as normas <strong>de</strong> cortesia verbal <strong>de</strong>terminam o estilo da conversação,mas não afetam o conteúdo do que se comunica. Porém, po<strong>de</strong>m condicionar areceção e/ou interpretação que o alocutário faz do conteúdo comunicacional.Assim sendo, <strong>de</strong> acordo com Haverkate, “el expresar cortesía no es un actoautónomo; es un acto que se efectúa como un subacto <strong>de</strong>l acto <strong>de</strong> habla”(Haverkate 1994: 15).Fundamentais para a compreensão da cortesia verbal são o conceito <strong>de</strong>“face” e o princípio da cooperação <strong>de</strong> Grice e as suas máximas conversacionais.Assim, o conceito <strong>de</strong> face, cunhado por Brown e Levinson (2009) a partir <strong>de</strong>Goffman (1967), diz respeito à imagem metafórica que o indivíduo tem eminteração. Assim, a face do indivíduo po<strong>de</strong> ser encarada sobre dois ladoscomplementares entre si: o positivo e o negativo. O primeiro diz respeito àimagem positiva que o indivíduo tem <strong>de</strong> si mesmo e que <strong>de</strong>seja que sejareconhecida e reforçada pelos outros membros da socieda<strong>de</strong>. A face negativarefere-se ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> cada indivíduo <strong>de</strong> que os seus atos não sejam impedidospelos outros (Haverkate 1994: 18). Portanto, nas interações conversacionais, olocutor vai procurar realçar a sua imagem positiva, por forma a ser reconhecidapelo interlocutor. A esta teoria, Goffman <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> “face-work”, uma vezque, durante a conversação, o locutor investe na sua imagem social, <strong>de</strong> modo amanter a face (have face, be in face, maintain face) e a não a per<strong>de</strong>r (be in wrongface, be out of face) (Fernan<strong>de</strong>s 2010: 39).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!