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Revista de Letras - Utad

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82 Rolf Kemmleretc.) bem como a conjunção que nos nexos que formam as conjunçõessubordinativas como Aindaque, Postoque e Porque. 334. ConclusãoEnquadrado, ainda, no rescaldo das reformas pombalinas do ensino primárioe secundário realizadas em Portugal e nas suas colónias <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1759, o NovoMethodo <strong>de</strong> educar os meninos e meninas tenta constituir um livro único para oensino primário, tendo, obviamente, sido elaborado no âmbito <strong>de</strong> e para o ensino<strong>de</strong>ntro do Convento <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Vila Real. Principalmente motivadopela falta <strong>de</strong> manuais a<strong>de</strong>quados ao ensino primário da época, o autor tentouestabelecer um manual que fosse <strong>de</strong> fácil acesso aos principiantes, fornecendo,no entanto, as respostas para todas as questões <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhe que surgissem. Surgiuassim a curiosa mistura entre o método dialogístico da exposição das <strong>de</strong>finiçõesmetagramaticais mais essenciais e as extensas notas <strong>de</strong> rodapé (que na partegramatical ocupam 91,74% das páginas).Um breve estudo das principais <strong>de</strong>finições do conceito da gramática e daspartes da oração permite a constatação <strong>de</strong> que o autor se terá <strong>de</strong>ixado motivarprovavelmente pelas <strong>de</strong>finições <strong>de</strong>ntro dos três volumes Grammaire etlittérature da Encyclopédie méthodique (1782-1786), cujas entradas eram daresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> César Chesneau Dumarsais, mas sobretudo <strong>de</strong> NicolasBeauzée. Apesar <strong>de</strong> serem bastante sucintas, as <strong>de</strong>finições fornecidas nagramática propriamente dita <strong>de</strong> Virgem Maria (1815) evi<strong>de</strong>nciam uma influênciamaciça da obra enciclopédica francesa.No que respeita ao relacionamento entre o gramático vila-realense e agramaticografia contemporânea, observam-se indícios <strong>de</strong> que o franciscanopo<strong>de</strong>rá ter conhecido a obra <strong>de</strong> Lobato, cuja longa tradição editorial, como sesabe, teve o seu início em 1770. Já quanto às gramáticas <strong>de</strong> Sousa (1804) ou <strong>de</strong>Barros (1540, 1785), tal influência não se po<strong>de</strong> constatar sem estudos maisaprofundados.No atinente às <strong>de</strong>finições metagramaticais fornecidas por Virgem Maria,observa-se que foi feita uma escolha consciente daqueles conteúdos que ogramático consi<strong>de</strong>rou indispensáveis para a compreensão das noções linguísticasmais elementares por parte dos alunos. Julgamos que terá sido esta mesmapreocupação pragmática que levou Virgem Maria a consi<strong>de</strong>rar uma parte daoração que, na tradição gramatical portuguesa, não parece ter antece<strong>de</strong>ntes:as ‘particulas grammaticaes’. Ora, mesmo que mo<strong>de</strong>rnamente os gramáticostradicionais não consi<strong>de</strong>rem os prefixos preposicionais, os pronomes enclíticos33 Como traço típico do século XVIII, as conjunções subordinativas com ‘que’ costumavam serescritas juntas, sem hífen e formando aparentemente uma palavra única. Hoje escreve-se ‘aindaque’, ‘posto que’ mas ‘porque’.

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