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Revista de Letras - Utad

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408 Maria da Graça Sardinha e João Machadosocial. E é esta atitu<strong>de</strong> perante a leitura, sistemática e sistematizada, rica evariada, que fará nascer o leitor proficiente. Aliás, para o mesmo autor,Ler, na acepção <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r e interpretar os significados textuais,manifestando capacida<strong>de</strong>s para efectuar leituras que não se reduzamexclusivamente a comportamentos interpretativos <strong>de</strong> tipo ingénuo ou <strong>de</strong>tipo gastronómico […], é assim uma activida<strong>de</strong> cujos benefícios em termosculturais, cognitivos e linguísticos (Huck, Hepler e Hickman, 1993) fazem<strong>de</strong>la um exercício que se <strong>de</strong>seja efectivo e realizável em múltiploscontextos, incluindo o escolar, mas não se reduzindo exclusivamente aeste. (Azevedo 2007: 151)In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do tipo <strong>de</strong> leitor que se vai <strong>de</strong>senvolvendo, este abordao texto, e mais concretamente o livro, consoante os seus afectos, as suasemoções, pois quando vemos alguém ler, não sabemos os motivos ou razõesjustificativas pelos quais <strong>de</strong>dica o seu tempo ao livro, já que há tantasmotivações quantos indivíduos ou situações <strong>de</strong> leitura. Com efeito, semprehouve quem se <strong>de</strong>dicasse à leitura para <strong>de</strong>senvolver a inteligência, pois, na senda<strong>de</strong> Eco (2004), o pensamento <strong>de</strong>senvolve-se através <strong>de</strong> leituras várias,transformando todo o teatro do mundo num teatro linguístico que, ao mesmotempo, consegue extrair da linguagem todo o po<strong>de</strong>r comunicativo.Tratando-se <strong>de</strong> uma activida<strong>de</strong> complexa, como já afirmámos, esta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><strong>de</strong> múltiplas facetas, exercitando várias capacida<strong>de</strong>s e aptidões do ser humano.Nesta perspectiva, engloba simultaneamente processos neuro-fisiológicos,cognitivos, afectivos, argumentativos e simbólicos.Retomando o nosso raciocínio inicial, ao <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rmos a leitura como actos<strong>de</strong> fala que implicam o sentir pessoal <strong>de</strong> cada um, remetemos, assim, para umcenário com um leitor que consegue “o infinito dos sentidos que o autorintroduziu no texto”, ou “o infinito dos sentidos que o autor ignorou ou nãotomou em conta […]” (Eco 2004: 28-29).Efectivamente, revemo-nos em Manguel, no sentimento <strong>de</strong> que a leitura éum acto individual, pessoal, que exige, em simultâneo, uma postura activa.Deste modo, à medida que o sujeito vai processando o texto, vai-lhe atribuindosignificado(s), graças ao seu passado experiencial, que lhe permite accionar osseus conhecimentos prévios e estabelecer uma relação compreensiva com ainformação nova.[…] um acto <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> um sentido total implicando todo o ser dofalante – cuja compreensão implica infinitamente mais do que um meroreconhecimento <strong>de</strong> palavras. […] Seguindo o texto, o leitor articula o seusentido através <strong>de</strong> um método emaranhado <strong>de</strong> significações aprendidas,convenções sociais, leituras prévias, experiência pessoal e gostos próprios.(Manguel 1998: 49)

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