12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cartas do meu rio, Douro… 363Com sete lanças os traidoresA trespassaram, ve<strong>de</strong> lá!…Ó Mocida<strong>de</strong>!…[…]Beija-a nas mãos, cobre-a <strong>de</strong> flores,Não Morrerá! […]Rasga o teu peito sem cautela,Dá-lhe o teu sangue todo, vá!Ó Mocida<strong>de</strong> heróica e bela,Morre a cantar!… morre … porque elaReviverá. (Junqueiro 1972: 485-486)Deixei, assim, <strong>de</strong>senhado pelo título, o contexto do texto que gostaria <strong>de</strong>produzir aqui.2. A cultura como alinhavo do ser, individual e colectivoDa noção <strong>de</strong> pátria, perdida ou ameaçada, justificando o grito <strong>de</strong> Junqueiro,vale a pena observar algumas “qualida<strong>de</strong>s da alma pátria”, observadas porTeixeira <strong>de</strong> Pascoais, em 1915, na obra já referida, Arte <strong>de</strong> Ser Português,capazes <strong>de</strong> nos encaminharem para uma noção <strong>de</strong> cultura, reflectida na realida<strong>de</strong>portuguesa e duriense.Fiquemo-nos por duas: o génio <strong>de</strong> aventura e o sentimento <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> ein<strong>de</strong>pendência (Pascoais 1991: 89-93). A primeira, génio <strong>de</strong> aventura, é <strong>de</strong>finidacomo “a força que leva o homem a arriscar a sua vida individual, para conseguir<strong>de</strong>terminado fim <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> colectiva”. Nasce da herança celto-latina e árabeno que tem <strong>de</strong> espontaneida<strong>de</strong> e ânsia do in<strong>de</strong>finido. A sua educação apela a“uma disciplina consentida, compatível com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> iniciativa”. E o seu<strong>de</strong>feito, como verso <strong>de</strong> medalha, é a falta <strong>de</strong> persistência, pois “a aventura nãotem continuida<strong>de</strong> na acção. Opera por impulsos que nem sempre se coor<strong>de</strong>nampara um fim <strong>de</strong>terminado” (Pascoais 1991: 99).A segunda qualida<strong>de</strong>, sentimento <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e in<strong>de</strong>pendência, éi<strong>de</strong>ntificada com a vida, pois, como afirma, “In<strong>de</strong>pendência, liberda<strong>de</strong> quer dizervida; e vida quer dizer – concordância entre o meio e o fim […] sacrifício doinferior ao superior, do criador individual e animal à criatura espiritual”. E esteretrato do português, infelizmente, até parece ter ficado perdido no tempo.Vejamos.O antigo português foi livre no sentido verda<strong>de</strong>iro da palavra. As<strong>de</strong>scobertas nasceram da sua própria força criadora. Nas cortes falava,rosto a rosto ao Príncipe, e a sua lança, cravada na fronteira, assegurou aPortugal a nobre in<strong>de</strong>pendência garantida pelo espírito <strong>de</strong> sacrifico.Portugal foi livre enquanto foi português nas suas obras; […].

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!