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Revista de Letras - Utad

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RECENSÃORuivo-Tomate <strong>de</strong> Rita Pinho MatosHenriqueta Maria GonçalvesDans l’instant <strong>de</strong> sa création, le poète est <strong>de</strong>vant cette feuilleblanche qui va s’animer comme le musicien <strong>de</strong>vant son piano; mais lepapier ne lui sert qu’ à fixer <strong>de</strong>s mots qu’il essaie dans son corps, avec sagorge et son oreille: témoin et mémoire d’un acte qui ne le concerne pas.(Dufrenne 1973: 70-71)Rita Pinho <strong>de</strong> Matos apresenta ao leitor um conjunto <strong>de</strong> poemas a que dá otítulo <strong>de</strong> Ruivo-Tomate.Faro, o gran<strong>de</strong> Demiurgo, senhor das águas e do verbo, na altura dareorganização do mundo que levou a cabo, fecundou as mulheres com tomates,e as mulheres continuam, como recompensa, a oferecer periodicamente estefruto a esta divinda<strong>de</strong>. O sumo do tomate é recolhido, como o sangue dasvítimas sacrificadas, pelo seu mensageiro, a andorinha: ela leva para o céusangue e sumo fecundantes, que voltarão a <strong>de</strong>scer sobre a terra em forma <strong>de</strong>chuva (consi<strong>de</strong>rando a simbólica dos Bambara) (cf. Chevalier e Gheerbrant1994).O ruivo é uma cor que se situa entre o vermelho e o ocre: um vermelhoterra. Faz lembrar o fogo, a chama, e daí a expressão ruivo ar<strong>de</strong>nte. Evoca o fogoinfernal <strong>de</strong>vorador, os <strong>de</strong>lírios da luxúria, a paixão do <strong>de</strong>sejo, o calor <strong>de</strong> baixo,que consomem o ser físico e espiritual.Ao surgir no título da obra como palavra justaposta convoca um sentido quese oferece como primeiro indicador <strong>de</strong> leitura: a fecundação do verbo pelachama <strong>de</strong>voradora da paixão que consome o ser.Retirado do título do décimo-sétimo poema, obriga à leitura atenta ecorrelativa do poema:Vem mergulhar comigoNuma espuma <strong>de</strong> morangosRuivo-tomate.Vem inalar bolas <strong>de</strong> açúcar em sabãoEscarlate.Vem sorver as ondas <strong>de</strong>ste doce mar salgadoAnil_______________________________________________<strong>Revista</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, II, n.º 9 (2010), 423-432.

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