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Revista de Letras - Utad

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40 Sónia Coelhopertence a todos os Reinos; porém Portugal he substantivo proprio em razão <strong>de</strong>só convir ao Reino assim chamado.” (Fonseca 1799: 5).Quanto ao nome adjectivo, seguindo os critérios semântico e sintácticocolocacional 5 , o gramático enten<strong>de</strong> que “he o que se ajunta ao substantivo para<strong>de</strong>notar a sua qualida<strong>de</strong>.” (Fonseca 1799: 5) e preocupa-se em indicar aetimologia, para explicar a função <strong>de</strong>sta subclasse: “A palavra adjectivo vem doLatim adjectus, accrescentando; porque realmente o Adjectivo se accrescentasempre ao Substantivo expresso, ou subentendido.” (Fonseca 1799: 5). Assim,“qualquer palavra, com que se qualifica o substantivo, e que fixando-lheo significado, lhe exten<strong>de</strong>, ou restringe o valor, e não offerece ao espirito maisque hum mesmo objecto, esta tal palavra he verda<strong>de</strong>iro adjectivo.” (Fonseca1799: 7).Outro aspecto que se mantém na actualida<strong>de</strong> e que não encontramos emLobato nem em Figueiredo é o adjectivo substantivado: “O adjectivo emprega-semuitas vezes em lugar do Substantivo, ou no mesmo sentido <strong>de</strong>ste; com o qualuso se chama adjectivo substantivado.” (Fonseca 1799: 6) e Fonseca acrescentaainda que “Isto se fez tão frequente que muitos <strong>de</strong>stes adjectivos substantivadospassão já no commum uso por substantivos, como: o frio, o sereno, o <strong>de</strong>serto, opovoado, e varios outros.” (Fonseca 1799: 6-7).De facto, ainda hoje “é muito estreita a relação entre o substantivo (termo<strong>de</strong>terminado) e o adjectivo (termo <strong>de</strong>terminante). Não raro, há uma única formapara as duas classes <strong>de</strong> palavras e, neste caso, a distinção só po<strong>de</strong>rá ser feita nafrase.” (Cunha e Cintra 2000: 248). Vejamos o exemplo apresentado porFonseca: “dizendo-se: hum Philosopho Rei, o termo Rei neste sentido toma anatureza <strong>de</strong> adjectivo; mas se se disser: hum Rei Philosopho, a palavraPhilosopho fica então sendo o adjectivo.” (Fonseca 1799: 7). Assim, o autorconclui que só será um verda<strong>de</strong>iro adjectivo a palavra “com que se qualifica osubstantivo, e que fixando-lhe o significado, lhe exten<strong>de</strong>, ou restringe o valor,e não offerece ao espirito mais que hum mesmo objecto” (Fonseca 1799: 7).Como po<strong>de</strong>mos constatar, “a subdivisão dos nomes portugueses emsubstantivos e adjectivos obe<strong>de</strong>ce a um critério basicamente sintáctico,funcional.” (Cunha e Cintra 2000: 248) e, se as gramáticas hodiernas consi<strong>de</strong>ramnomes e adjectivos como classes <strong>de</strong> palavras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, esse facto <strong>de</strong>ve-sea Manoel Dias <strong>de</strong> Souza que, em 1804, na sua Grammatica portuguezaor<strong>de</strong>nada segundo a doutrina dos mais celebres grammaticos conhecidos, assim5 Para os autores que subdivi<strong>de</strong>m o nome em substantivo e adjectivo, como o faz Fonseca, “elcritério básico caracterizador <strong>de</strong>l adjetivo sigue siendo el semántico; el sintáctico colocacionalparece un rasgo complementario y auxiliar, subordinado a aquél.” (Calero Vaquera 1986: 74).

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