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Revista de Letras - Utad

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Os modos verbais nas gramáticas latino-portuguesas 141número. A multiplicida<strong>de</strong> das correspondências portuguesas explica-se pelasdiferentes possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tradução das formas nos vários contextos.Para além do conjuntivo e do infinitivo, os modos são <strong>de</strong>finidos com baseno critério semântico. É possível que este procedimento <strong>de</strong> listar realizações <strong>de</strong>uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada língua como ‘<strong>de</strong>sejo’, ‘possibilida<strong>de</strong>’, etc.,seja, como Padley (1976: 49) constata <strong>de</strong> maneira pertinente, pouco económico enão muito eficaz do ponto <strong>de</strong> vista didático, mas não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser lícito do ponto<strong>de</strong> vista metodológico.O conjuntivo é mais problemático. Se bem que seja possível <strong>de</strong>duzir asmodalida<strong>de</strong>s ‘causalida<strong>de</strong>’, ‘concessivida<strong>de</strong>’ e ‘potencialida<strong>de</strong>’, Álvares fá-loapenas implicitamente através das conjunções. Uma <strong>de</strong>finição semântica doinfinitivo parece até ter passado a ser <strong>de</strong> todo impossível. A <strong>de</strong>finiçãomorfológica <strong>de</strong> Manuel Álvares, contudo, não se aplica igualmente às traduçõesportuguesas. Os exemplos portugueses seriam mais bem representados se o‘infinitivo’ fosse <strong>de</strong>finido como ‘modo da oração subordinada a seguir a<strong>de</strong>terminados verbos introdutórios’.Tal como se verifica em muitas outras gramáticas até aos nossos dias,as incoerências indicadas resultam do facto <strong>de</strong> as bases onomasiológica esemasiológica não serem estritamente distintas. A dialética entre forma econteúdo na evolução presumida das categorias modais presumivelmentetambém contribui para isso. Caso Álvares tivesse pretendido estabelecer umarepresentação onomasiológica coerente do sistema verbal, <strong>de</strong>veria ter-se afastadodas categorias com base essencialmente formal para evitar contradições, comono infinitivo.2.2. Os modos verbais na gramática <strong>de</strong> Bento PereiraA afirmação <strong>de</strong> Lobato (1770: XXX) concluindo que Bento Pereira«no tratado dos Verbos seguio inteiramente ao Padre ALVARES [...]» <strong>de</strong>ve sermesmo tomada literalmente, o que, na verda<strong>de</strong>, é pouco surpreen<strong>de</strong>nte separtirmos do pressuposto <strong>de</strong> que a Institutio <strong>de</strong>veria, sem dúvida, constituir paraum jesuíta português do século XVII a principal autorida<strong>de</strong> em matériagramatical, tendo, simultaneamente antecipado a organização do sistema verbalportuguês através das glosas à gramática. Muitas das numerosas explicações <strong>de</strong>Álvares encontram-se retomadas por Pereira. Por exemplo, o borbense tambémchama a atenção para os perfeitos compostos com aver, que igualmente julgaque <strong>de</strong>vem ser evitados:Alij <strong>de</strong>nique in omnibus modis utuntur hac voce sida quæ Castellana & non Lusitanaest, juncta cum verbo Ey, as, ha, v. g. Ey sido, avia sido, ouve sido, ouvera sido,averey sido, ouvesse sido, aja sido, aver sido, sunt modi elegantes in lingua Castellana,improprij tamen in Lusitana, proin<strong>de</strong>que à studiosis nostræ linguæ vitari <strong>de</strong>bent. Dixi

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