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Revista de Letras - Utad

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26 António Bárbolo Alves, Margarida Telo Ramos e Ana Maria Carvalhoquer à sua forma (em Espanha só as conheciam sob a forma <strong>de</strong> grão!),<strong>de</strong>nunciando assim que a forma gameta tem uma origem pré-latina, talvezrelacionada com a seu formato e a forma do latim vulgar gamella- (vaso parabeber), oriunda do latim clássico camella. Mas esta não é, obviamente, mais doque uma possibilida<strong>de</strong>.Raba, remolacha, Beta vulgarisDa forma latina rave, <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> rapa, ae, variante <strong>de</strong> rapum, isignificando nabo ou rábano, conservou-se em mirandês a palavra raba, aocontrário do português que incorporou, já no século XVII, a forma francesabetterrave, oriunda <strong>de</strong> bette (também com a variante blette) e <strong>de</strong>rivada do latimbetta,ae, acelga, e rave (< lat. rapa, ae).Também aqui, a variante dialectal sendinesa do mirandês nos fornece umnovo preciosismo lexicográfico incorporando e mantendo a forma remolacha,oriunda do castelhano, e esta, segundo o Dicionário da Real Aca<strong>de</strong>mia, do latimarmoracĭum que, por sua vez, <strong>de</strong>riva do gaulês are more, significando “perto domar”.As rabas são normalmente cultivadas nas hortas, aproveitando as bordasdos sulcos que levam a água para as leiras. As raízes tuberosas são utilizadaspara alimentar o gado.Tomilho-burriqueiro, Lavandula pedunculata e Lavandula stoechasO chamado tomilho burriqueiro (e também tomilho burreinho) é uma dasplantas que, na época primaveril, mais cor confere às arribas do Douro embora,neste momento, ele se vá esten<strong>de</strong>ndo por outros terrenos on<strong>de</strong> outrora eramsemeados cereais. Junto com as giestas, brancas ou amarelas, enchem <strong>de</strong>policromia os terrenos acabados <strong>de</strong> sair do Inverno.Como o nome indica, estes tomilhos eram muito apreciados pelo gadoasinino. Mas, tradicionalmente, tinha ainda um outro uso.Eram cortados e picados, durante o Inverno, sendo espalhados noscaminhos, misturados com outras ervas, para serem transformadas em estrume eutilizadas para fertilizar as hortas e as vinhas.Registe-se igualmente que a forma tomilho é utilizada, em mirandês, para<strong>de</strong>signar outras espécies, às quais se acrescenta apenas uma sub-<strong>de</strong>signação. É ocaso do tomilho-senseiro (Thymus zygis, usado como condimento, ou o tomilho--serrilho (Cistus salviifolius).5. Outros usos agro-silvopastorisDentro das muitas plantas e ervas com “outros usos” referir-nos-emos,apenas, às mais comuns da região com fins conhecidos e ainda em uso. São oscasos da tecelagem, o fabrico <strong>de</strong> utensílios caseiros, agrícolas, musicais, entreoutros. Veremos também alguns exemplos <strong>de</strong> “árvores” que, muito embora não

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