12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

38 Sónia Coelhoposteriorida<strong>de</strong>, toda ela redigida “sem <strong>de</strong>trimento algum, ou falta no exercicionunca interrupto da sua ca<strong>de</strong>ira” (Silva 1862: 421).Do conjunto das suas obras, <strong>de</strong>stacamos os Rudimentos da GrammaticaPortugueza, uma obra gramatical constituída por 353 páginas e dividida em duaspartes: “A primeira trata <strong>de</strong> cada huma das palavras soltas, e <strong>de</strong>sunidas humasdas outras; e a segunda das palavras juntas, e or<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> modo, que exprimãoalgum conceito. Os Grammaticos chamão Oração ás palavras assim juntas, e acada huma <strong>de</strong> per si Parte da Oração.” (Fonseca 1799: 2), não contemplando,como era habitual nos gramáticos seus coetâneos, a prosódia e a ortografia.Quanto ao número das partes da oração, verifica-se que Pedro José daFonseca enveredou pelo sistema classificatório tradicional, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo que “asPartes da oração na nossa lingoa se reduzem a nove, que pela or<strong>de</strong>m seguinte se<strong>de</strong>nominão Nome, Pronome, Articulo, Verbo, Participio, Adverbio, Preposição,Conjunção, Interjeição.” (Fonseca 1799: 3).Destas nove partes, concentrar-nos-emos no nome. Para tal,procuraremos analisar o ponto <strong>de</strong> vista linguístico do autor relativamente a estaclasse <strong>de</strong> palavras, dissecando uma possível originalida<strong>de</strong> dos princípiosexpostos através <strong>de</strong> cotejos pontuais com autores contemporâneos ao gramáticoe com autores actuais.2. O NomePedro José da Fonseca inicia a abordagem das classes <strong>de</strong> palavras peloestudo do nome e <strong>de</strong>fine-o como “huma voz, ou dicção, que se apropria a cadapessoa, ou cousa para a dar a conhecer, e differençar <strong>de</strong> outra.” (Fonseca 1799:3), utilizando na sua enunciação um critério semântico, à semelhança dos seuscoetâneos Reis Lobato, para quem “nome he uma voz, com que se nomeão ascousas, e suas qualida<strong>de</strong>s, assim como Esmeralda, que significa huma cousa;e Ver<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>sta cousa, ou <strong>de</strong> outra semelhante significa a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter acôr ver<strong>de</strong>.” (Lobato 2000: 151 [9]) e Pedro José <strong>de</strong> Figueiredo, que enten<strong>de</strong> pornome “a palavra, com que significamos alguma cousa, ou a sua qualida<strong>de</strong>, como:Homem, Pru<strong>de</strong>nte.” 3 (Figueiredo 1804: 6).Ainda que Fonseca siga os seus pre<strong>de</strong>cessores e aceite a tradição gramatical,este reorganiza as várias subclasses do nome, o que “podría ser síntoma <strong>de</strong> lapreocupación por corregir las insatisfactorias clasificaciones anteriores y porelaborar una clasificación (en sentido actual) nueva, más a<strong>de</strong>cuada, no unaenumeración en la que el lugar ocupado por los elementos no es pertinente.”(Gómez Asencio 1985: 14).3Para este trabalho, usámos a segunda edição da Arte da Grammatica Portugueza.A primeira data <strong>de</strong> 1799, saindo a lume, portanto, no mesmo ano que os Rudimentos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!