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Revista de Letras - Utad

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José Inês Louro e Mário Cláudio: <strong>de</strong>votos promotores da Língua e Cultura Portuguesas 259ziguezagueante, perceptível em várias obras, como é o caso <strong>de</strong> Ursamaior ou <strong>de</strong>Boa Noite, Senhor Soares) e, como não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, da metaficção(apresentação <strong>de</strong> uma nova versão dos factos históricos, como acontece apropósito <strong>de</strong> Peregrinação <strong>de</strong> Barnabé das Índias). Esta fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> que mantémpara com os gran<strong>de</strong>s vultos do património cultural lusíada, trazendo-os, a cadapasso, à nossa memória, para além <strong>de</strong> alimentar a perpetuação do seu valor,evitando que caiam no esquecimento, reabilita o seu potencial e relevância.Por isso mesmo, traça uma dura crítica, por vezes até mordaz, quer à falta <strong>de</strong>apoio do po<strong>de</strong>r político à causa cultural, como, por exemplo, ao teatro, quer àfalta <strong>de</strong> interesse generalizada por parte da população. A respeito do rumo que onosso país tem vindo a seguir afirma:Talvez an<strong>de</strong> um pouco cego, mas julgo que, se há palavra que <strong>de</strong>fine oPortugal <strong>de</strong> hoje, essa será ‘boçalida<strong>de</strong>’. Ao utilizar este vocábulo,pretendo referir-me àquela ausência <strong>de</strong> auto-estima que leva a queestejamos nas tintas para o retrato que os outros fazem <strong>de</strong> nós, e paraaquele que nós próprios nos tiramos. Basta um passeio pelos centrosurbanos que temos para se perceber quão baixo caímos, e para que nosapeteça cantar a dignida<strong>de</strong> das al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>sertificadas. (Vasconcelos,entrevista a Mário Cláudio, 2006: 10)Com efeito, se, por um lado, o vemos comprometido com a incessante buscae manutenção da Portugalida<strong>de</strong>, recuperando, como já foi referido, certosmestres clássicos que marcam inevitavelmente a nossa língua e cultura, poroutro, numa vertente mais mo<strong>de</strong>rna, encontramos Mário Cláudio cometido coma necessida<strong>de</strong> intrínseca <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> certas singularida<strong>de</strong>s linguísticas. Istoé, contribuindo, efectivamente, para a renovação da língua portuguesa,populariza, em jeito <strong>de</strong> neologismos estilísticos, através dos processosmorfológicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação e composição, uma série <strong>de</strong> termos. A este respeito,Jorge Colaço afiança queé neste plano da expressão que se torna ainda mais patente a singularida<strong>de</strong><strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> Mário Cláudio. Nele se observa uma fuga intencional epremeditada da estreiteza lexical e semântica da língua comum, hojedominante até na literatura, da sua vulgarida<strong>de</strong> correntia, não pela quebra<strong>de</strong> nexos lógicos ou outras tropelias sintácticas, mas através da vitalida<strong>de</strong>linguística, <strong>de</strong> uma energia verbal do mesmo passo exploratória einventiva, on<strong>de</strong> arcaísmo e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> se abraçam em infinitasmodulações. (Colaço 2006: página 1 da Web)De facto, para além da renovação vocabular que empresta à língua portuguesacontemporânea, critica acerrimamente a levianda<strong>de</strong> com que esta, por vezes, éempregue:

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