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Revista de Letras - Utad

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Cartas do meu rio, Douro… 371No que respeita à dimensão, há quem diga que criaram em toda a Europa arevolução industrial da Ida<strong>de</strong> Média, pelas invenções, adaptações ou técnicasintroduzidas, em especial na agricultura. A divulgação <strong>de</strong> ferramentas como acharrua, o uso da ferradura e o recurso a moinhos <strong>de</strong> água alteraram oquotidiano. A arquitectura conheceu técnicas tão avançadas que chegaram àconstrução das catedrais.O saber avançado no domínio da pólvora (<strong>de</strong>scoberta chinesa), dos relógiosmecânicos (transformando a noção do tempo nas cida<strong>de</strong>s), e <strong>de</strong> instrumentoscomo a bússola, o astrolábio e o mapa, acompanhados pela invenção da caravela,levaram o homem a superar as limitações do espaço.Mas é, sobretudo, a nível religioso e político que a presença doscistercienses ou fra<strong>de</strong>s Bernardos marca Portugal e a Europa. A força <strong>de</strong> S.Bernardo <strong>de</strong> Claraval foi enorme perante as outras or<strong>de</strong>ns, o po<strong>de</strong>r papal etemporal, os nobres e os seus irmãos.Além do regresso às origens, na vivência cristã, erigiu como valorfundamental o trabalho, cujo reflexo social se prolonga até à revolução francesa.Sem este valor, não seria possível conceber todo o progresso intelectual,artístico, arquitectónico e técnico que apenas o trágico século XIV – com aguerra dos cem anos, a peste negra e a fome – interrompeu, para o Renascimentoe as Descobertas do século XV e seguintes voltarem a abraçar.É seguro hoje o relacionamento <strong>de</strong> Afonso Henriques com Bernardo <strong>de</strong>Claraval, esse po<strong>de</strong>roso europeu do século XII. É segura a relação <strong>de</strong>ste com aa<strong>de</strong>são dos primeiros conventos à regra cisterciense. Os seus mais próximos sãopor ele enviados aos portugueses, João Cirita e João <strong>de</strong> Peculiar, que osconduzem a Afonso Henriques e os encaminha para S. João <strong>de</strong> Tarouca.Aqueles dois portugueses estiveram em França com S. Bernardo: enviadospor quem e com que missão? O primeiro torna-se anfitrião dos oito Bernardosvindos para Portugal, o segundo, arcebispo <strong>de</strong> Braga. O redactor da Gran<strong>de</strong>Enciclopédia Portuguesa e Brasileira (na entrada “S. João <strong>de</strong> Tarouca”) lê assimos factos:Não custa crer que o engran<strong>de</strong>cimento do cenóbio [comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monges] <strong>de</strong> S. João <strong>de</strong> Tarouca como <strong>de</strong> outros, foi um dos processos <strong>de</strong>que D. Afonso Henriques se valeu, perante a cúria romana, para auxiliar aluta <strong>de</strong>senvolvida por D. João Peculiar para a in<strong>de</strong>pendência da Igrejaportuguesa relativamente às igrejas não nacionais (Toledo e Santiago), daqual <strong>de</strong>pendia, não pouco, a efectivação da libertação nacional ou seureconhecimento pelo papa. A própria coincidência do tempo <strong>de</strong>stes factosleva a crer que não se trata <strong>de</strong> acaso.

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