12.07.2015 Views

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

Revista de Letras - Utad

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

102 Marina Alexandra Carvalho da RochaFinalmente, e no que diz respeito ao último grupo <strong>de</strong> exemplos, vejam-se(20), (21) e (22), em que encontramos casos <strong>de</strong> elipse lacunar <strong>de</strong> verbos<strong>de</strong>clarativos, tais como “batia” em contexto <strong>de</strong> subordinada temporal, “viu”numa subordinada adverbial relativa e “recuou” em subordinada causal.Tal como nas situações <strong>de</strong>scritas para os anteriores exemplos <strong>de</strong>ste corpus,também agora a legitimação da elipse lacunar resulta da presença <strong>de</strong> SN’srealizados com a relação <strong>de</strong> sujeito, como acontece com “família” em (20), “ele”em (21), subentendido na forma verbal expressa “viu”, e “o ponteiro vermelho”em (22). Para além <strong>de</strong>stes, eis os SN’s realizados que ocupam a posição <strong>de</strong>objecto directo: “palmas” em (20) e “um mosquito achatado” em (21).(22) apresenta como legitimadores dois SPreposicionais, <strong>de</strong> localizaçãoespacial <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um aparelho (certamente o electrocardiógrafo que oenunciador cita frequentemente) – “do trinta” e “ para o vinte”.6. ConclusãoEm suma, por tudo o que atrás fica dito, procurámos mostrar a fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong>António Lobo Antunes ao estilo sintáctico que ele próprio criou, o que confereaos seus romances a mesma ilusão <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> capítulos e frases‘empilhadas’ e <strong>de</strong>sconexas, mas que, em profundida<strong>de</strong>, se revelam coesas elógicas.Para além <strong>de</strong>stas estratégias, outras há, do ponto <strong>de</strong> vista discursivo enarratológico, que po<strong>de</strong>ríamos ter abordado para testemunhar a mestria com queo autor maneja a sua língua materna e a técnica romanesca. Todavia, pensemosnesta abordagem sucinta como uma das possíveis chaves <strong>de</strong> leitura esubsequente entendimento do não-escrito, isto é, do que foi propositadamenteelidido. E do entendimento da frase <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scodificação dos micro-textose, por conseguinte, a compreensão da arquitectura macrotextual. Estáprefigurado um caminho que justificará, com certeza, a seguinte tricotomia:os leitores que o compram, os que o lêem (ou tentam ler) e aqueles querealmente o compreen<strong>de</strong>m.Referências BibliográficasAntunes, A.L. (2008): O Arquipélago da Insónia. Lisboa: Publicações DomQuixote.―― (2009): Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?. Lisboa:Publicações Dom Quixote.―― (2010): Sôbolos Rios Que Vão. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!