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Revista de Letras - Utad

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300 Hugo Silveira Pereiratradicional transporte fluvial (apesar das suas muitas irregularida<strong>de</strong>s) e oproblema das pragas das vinhas afastavam qualquer <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> construçãoferroviária. De qualquer modo, a preferência da iniciativa privada parecia virar--se para uma linha pelo Minho até Espanha. Mais uma vez o chamariz da ligaçãointernacional (quimérica pelo vale do Douro, na altura) a par <strong>de</strong> uma maiorfacilida<strong>de</strong> e menor custo <strong>de</strong> construção e do facto <strong>de</strong> atravessar uma zona maisintensamente povoada e agricultada, relegava Trás-os-Montes para segundoplano.Em todo o caso só quando o caminho-<strong>de</strong>-ferro vindo <strong>de</strong> Lisboa chegasse aoPorto qualquer outra linha a norte do Douro teria razão <strong>de</strong> ser, pois o seu traçado<strong>de</strong>pendia da colocação da estação (portaria <strong>de</strong> 1852-11-9). A linha do Nortechegou a Gaia em 1864 e só então se começaram a estudar as ligações ao Porto ea continuação pelo Minho e Douro. Só na presença <strong>de</strong>sta relativa certeza sepredispôs o Estado a assumir o encargo da construção e a levar os comboios aTrás-os-Montes pelo Douro. No entanto, o final da década <strong>de</strong> 1860 não era <strong>de</strong>todo propício à contracção <strong>de</strong> encargos para a construção <strong>de</strong> novos caminhos-<strong>de</strong>--ferro, mas tão só para a resolução dos problemas financeiros das companhiasque então operavam em Portugal (a CRCFP e a South Eastern of PortugalRailway Company) que vedavam o acesso <strong>de</strong> Portugal aos mercados financeiroseuropeus (Samodães 1873: 37-53). Por isso a linha em direcção ao Pinhão<strong>de</strong>cretada em 1867 teve <strong>de</strong> esperar pela década <strong>de</strong> 1870 para ser construída.Motivos económicos e técnicos fizeram com que este caminho-<strong>de</strong>-ferroseguisse pela margem do Douro, apenas servindo a extremida<strong>de</strong> sul <strong>de</strong> Trás-os-Montes. A continuação da linha do Douro além do Pinhão <strong>de</strong>pendia da ligação aEspanha. A partir do momento em que se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> que esta se faria por Barca <strong>de</strong>Alva, aproveitando também a expansão da região produtora <strong>de</strong> vinho do Portopara estas paragens (Sousa e Marques 2004: 80), qualquer caminho-<strong>de</strong>-ferro emdirecção ao coração <strong>de</strong> Trás-os-Montes torna-se <strong>de</strong> mero interesse local e nãonacional, acentuando a marginalização da linha do Douro (a partir <strong>de</strong> Ferradosapela margem esquerda do rio), que contudo po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> base a outrasferrovias rompendo a província. Todas as linhas já sugeridas ganham novoalento como verda<strong>de</strong>iros afluentes da linha do Douro: as linhas pelos vales doTâmega, Corgo, Tua e Sabor. Todavia, sem o apoio da iniciativa privadaqualquer uma <strong>de</strong>las se torna inexequível. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo argumentar com afalta <strong>de</strong> capital disponível pois até à promulgação da lei que <strong>de</strong>termina aconstrução até Barca <strong>de</strong> Alva (em 1882), são várias as linhas adjudicadas econstruídas por companhias privadas: no Minho, o caminho-<strong>de</strong>-ferro do Porto àPóvoa <strong>de</strong> Varzim chega a Famalicão em 1881 sem qualquer apoio do Estado; emGuimarães forma-se a CCFG que em 1882 consegue finalmente dar início àsobras (<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um longo diferendo com um empreiteiro inglês); em 1878 a

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