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Revista de Letras - Utad

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306 Alina Maria Azevedo Sousa VazEm Portugal existem regiões cujas características se apresentam bem<strong>de</strong>limitadas, porque são segundo Jorge Dias “(…) fruto, não só <strong>de</strong> condiçõesambientais diferentes, como <strong>de</strong> ascendência cultural e possivelmente étnicadiversas” (Dias 1995: 11).A região do Alto Douro correspon<strong>de</strong> a esta <strong>de</strong>finição porque é, porexcelência, uma região com características únicas bem <strong>de</strong>finidas, queproporciona às suas gentes uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria, logo uma cultura particular.Com a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e o surgimento das novas tecnologias dainformação, torna-se difícil a compreensão dos limites do que chamamos“i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural” <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>, pois “os usos e costumesancestrais, e com eles os saberes e a arte verbal que os fixou e consagrou, vãosendo abalados pelos fenómenos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>” (Parafita 1999: 35).Segundo Alexandre Parafita, na região do Douroo seu povo conservou ao longo dos tempos uma especificida<strong>de</strong> espiritual,ou seja uma espécie <strong>de</strong> alma colectiva diferenciada, que é visível não só noestilo das criações populares, mas também na selectivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstradano momento <strong>de</strong> acolher novas influências. (Parafita 1999: 34).A cultura duriense mais do que qualquer outra está associada à forma comoo homem vive o seu quotidiano: “Faz todo o sentido falar-se numa culturaduriense, caracterizadora do modus vivendi do Homem do Douro, normalmente<strong>de</strong>terminado pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r aos seus problemas <strong>de</strong> subsistência e<strong>de</strong> organização <strong>de</strong> recursos” (Grácio e Cristóvão 2001: [s/p]), e é essa vivênciado dia-a-dia que se faz tema da poesia <strong>de</strong> António Cabral.São muitos aqueles que imortalizaram a região duriense nas suas obras ouporque nasceram nesse lugar “maravilhoso” ou porque ficaram apaixonados peloseu encanto. As inspirações surgem por diversos factores, como os elencouAssunção Monteiro, ou seja, pelarica diversida<strong>de</strong> dos seus contrastes: vales, gargantas profundas,precipícios incontáveis e dantescos, abismos, penedos, socalcos,montanhas, escarpas, planaltos, barragens, povoações, etc., aliados à ímparriqueza cromática, permitem encarar o Douro como fonte inesgotável <strong>de</strong>inspiração, uma gigantesca tela on<strong>de</strong> todas as correntes artísticas se po<strong>de</strong>menquadrar <strong>de</strong> acordo com os impulsos e imaginação <strong>de</strong> cada criador (…)(Castelo, citado por Assunção Monteiro 2002: 10).Autor <strong>de</strong> uma obra muito diversificada, é como poeta que António Cabraltem o seu lugar na literatura portuguesa. Por isso António Pires Cabral, escritortransmontano, enten<strong>de</strong> que António Cabral é o gran<strong>de</strong> poeta do Douro laboralperpetuando usos e costumes, tradições e hábitos que se vão per<strong>de</strong>ndo. Segundo

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