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Revista de Letras - Utad

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O género e a cortesia: diferenças entre homens e mulheres em português europeu 3533.1. O princípio da cortesia e as diferenças entre homens e mulheres emportuguês europeuNo que concerne ao português europeu, também o princípio da cortesia estávincadamente presente nas suas dimensões sociais, refletindo o contexto sócio--cultural português. Deste modo, a socieda<strong>de</strong> portuguesa, arraigadamentecarregada <strong>de</strong> valores culturais, políticos e religiosos, reflete as dimensões dadistância social, do po<strong>de</strong>r e da formalida<strong>de</strong> no uso da linguagem e do princípioda cortesia na interação entre os indivíduos.Desta forma, no português europeu, o género e o princípio da cortesiaencontram-se também na interação comunicacional, verificando-se diferenças nouso da linguagem e do princípio da cortesia entre homens e mulheres.Efetivamente, tendo em conta o contexto sócio-cultural português, existemdiferenças entre homens e mulheres, não só biológicas, mas psicológicas, sociaise culturais, uma vez que, também na socieda<strong>de</strong> portuguesa, o homem continua ater mais po<strong>de</strong>r social e a ter mais oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> o vincar. Mas maisimportante do que sublinhar a socieda<strong>de</strong> patriarcal e o po<strong>de</strong>r do homem, épreciso sublinhar, tal como Sara Mills (2003) o fez, que existem diferenças entrehomens e mulheres que refletem esse po<strong>de</strong>r: as mulheres, regra geral, têmsalários mais baixos; ocupam as posições hierárquicas mais baixas; têm baixarepresentação no Parlamento [mesmo existindo a Lei da Parida<strong>de</strong>]; continuam ater as responsabilida<strong>de</strong>s domésticas e <strong>de</strong> educação dos filhos e continuam a seros gran<strong>de</strong>s alvos <strong>de</strong> violência e abuso sexual (Silva 1999).Tendo em conta estas diferenças, são os homens que ten<strong>de</strong>m a dominar asconversas em público, pois geralmente eles são mais participativos, falam maisdo que a mulher, fazem mais perguntas, interrompem mais vezes e não sesentem tão reticentes a discordar do interlocutor como as mulheres. Por outrolado, as mulheres, inclinadas para a função emotiva da comunicação eprocurando sempre estabelecer relações, mostram-se mais atentas e apoiantes doque os homens e encorajam mais o feedback, evitando interromper os outros semser a sua vez. De certa forma, as mulheres têm mais presente a cortesia negativae positiva, preocupando-se mais com a face. No fundo, estas diferentes formas<strong>de</strong> estar na comunicação refletem as diferenças psicológicas <strong>de</strong> género: a mulherpreocupada em estabelecer ou reforçar relações no grupo, sendo cooperante ecortês na comunicação; o homem, que vê a linguagem como uma forma <strong>de</strong>sublinhar o seu po<strong>de</strong>r, sendo por isso mais competitivo.Já no que diz respeito às conversas privadas ou informais, mais propícias àsrelações e à expressão <strong>de</strong> emoções, estas são mais participadas pelas mulheres,que neste campo já falam mais do que os homens. Nos contextos informais <strong>de</strong>comunicação, os homens não veem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se afirmar, <strong>de</strong> mostrar o seupo<strong>de</strong>r e, por isso, são menos participativos. Daí que Allan e Barbara Pease

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