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Revista de Letras - Utad

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Os modos verbais nas gramáticas latino-portuguesas 129Para a receção das i<strong>de</strong>ias alvarísticas, nenhuma área da gramática seoferecia tanto como a da morfologia verbal, na qual Álvares já tinha feitobastantes trabalhos preparatórios, pelo que Lobato (1770: XXX) critica oprocedimento <strong>de</strong> Bento Pereira:No tratado dos Verbos seguio inteiramente ao Padre ÁLVARES, pois ao mesmomodo Conjunctivo dá tambem as mesmas linguagens, ou vozes do Indicativo, semadvertir que os modos entre si se distinguem pelas differentes vozes, e terminações.O capítulo seguinte preten<strong>de</strong>, por isso, analisar e comparar as representaçõesdo sistema verbal nas primeiras edições das duas obras <strong>de</strong> Manuel Álvares e <strong>de</strong>Bento Pereira.2. A comparação da representação do sistema verbalDes<strong>de</strong> as gramáticas antigas tem sido usual representar as formas verbais<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sistema pluridimensional. Uma dada forma verbal pertencesimultaneamente a várias categorias distintivas (pessoa, número, modo, tempo,diátese; cf. Coseriu 1976: 72), po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>finida inequivocamente através<strong>de</strong>stas caraterísticas. Nas gramáticas latinas escolares mo<strong>de</strong>rnas, a distinção dasformas verbais finitas costuma ser feita segundo um esquema em que sedistinguem ativo e passivo, indicativo, conjuntivo e imperativo, raiz do presentee do perfeito (veja-se sobre isso Scaglione 1970: 53), simultaneida<strong>de</strong>,anteriorida<strong>de</strong> e posteriorida<strong>de</strong>, bem como primeira, segunda e terceira pessoa dosingular e do plural (cf., por exemplo, Bornemann e Adami 1970: 46-47).Ao passo que as categorias ‘diátese’, ‘pessoa’ e ‘número’ quase não <strong>de</strong>ixamespaço <strong>de</strong> interpretação na gramaticografia do latim como ainda das línguasmo<strong>de</strong>rnas, tanto os tempos como especialmente os modos admitem formas <strong>de</strong>contemplação diferentes. Na distinção dos modos existem essencialmente duasabordagens:a) Uma abordagem formal segundo a qual se distinguem formas do mesmotempo que não se distinguem por um dos outros critérios (como, porexemplo, lat. amo e amem que ambas são da primeira pessoa do singular dopresente ativo), mas pela categoria ‘modo’. Aos modos (indicativo,conjuntivo, etc.) são atribuídos valores semântico-pragmáticos. Assim,o indicativo serve para exprimir uma realida<strong>de</strong>, o conjuntivo umanão-realida<strong>de</strong>, o imperativo uma or<strong>de</strong>m, o optativo um <strong>de</strong>sejo, etc.b) Estes conteúdos formam a base para uma categorização com um ponto <strong>de</strong>partida semântico. Nesta abordagem onomasiológica, a existência <strong>de</strong> formasdistintivas em línguas individuais não tem importância. Coloca-se

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