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Revista de Letras - Utad

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322 Maria Cecília <strong>de</strong> Sousa VieiraTeriam tombado todos no inferno corânico? Teriam feito algum agravoa Alá? (Carvalho 1992: 29).Para os muçulmanos, o texto sagrado é, na verda<strong>de</strong>, o Alcorão. E a fé é ogran<strong>de</strong> pilar dos crentes, para quem Alá é o todo-po<strong>de</strong>roso, sábio e justo, quebenfazeja os que se lhe submetem totalmente e que castiga os que <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cem.O castigo, para estes, é o Inferno (Cf. Araújo 1983: 254).O âmbito <strong>de</strong> conhecimento do autor não se cinge, porém, à mística islâmica,mas a aspectos culturais, como a indumentária: “ (…) dando um jeito turbante 20(…)” (Carvalho 1992: 28); “ (…) que lhe impregnara o manto 21 e a cota <strong>de</strong>malha 22 ” (Carvalho 1992: 32). Ou ainda a estratégias e a<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> guerra. Dissosão exemplos: a composição dos exércitos: [“É que, nessa ocasião mesma, atropa do almóada Ibn-el-Muftar, composta <strong>de</strong> berberes, azenegues e árabes emnúmero para cima <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil 23 , vinha sorrateira pelo valado (…)” (Carvalho1992: 28)]; a hierarquia: [“ (…) e Ali-ben Yussuf, lugar-tenente 24 <strong>de</strong> Muftar(…)” (Carvalho 1992: 28)]; as formas <strong>de</strong> actuação: [“ (…) levantou bem alto opendão ver<strong>de</strong> e bradou uma or<strong>de</strong>m que foi repetida <strong>de</strong> esquadrão em esquadrão 25(…)”; (Carvalho 1992: 28); “Num ápice, rompeu uma carga <strong>de</strong> cavaleirosberberes, aos gritos <strong>de</strong> guerra, <strong>de</strong> alfange 26 em riste (…)” (Carvalho 1992: 32);“ (…) com alguns sinais do alfange (…)” (Carvalho 1992: 30); “Ao Ibn-Muftarnão foi muito gravoso o acontecimento, pois aproveitou o caminho <strong>de</strong> regressopara talar os campos <strong>de</strong> Chantarim, nas margens do Tejo, com gran<strong>de</strong> vantagem<strong>de</strong> troféus e espólios 27 ” (Carvalho 1992: 35)]; e os instrumentos e a<strong>de</strong>reços:“ (…) e logo vinte archeiros enristaram os arcos 28 , apontaram aos céus, eexpediram, com um zunido tenso, uma saraivada <strong>de</strong> setas (…)” (Carvalho 1992:31); “ (…) que foi ecoar no broquel 29 do beduíno Mamud Beshewer” (Carvalho1992: 31).Outro aspecto que o autor não <strong>de</strong>scura e que imprime a sensação <strong>de</strong>verosimilhança é o da crença nas artes mágicas: “Seriam antes vítimas <strong>de</strong> umpasse da feitiçaria cristã?” (Carvalho 1992: 29); “Se era uma encantação, melhorera <strong>de</strong>ixar que passasse – segredou para ben-Yussuf que lhe respon<strong>de</strong>u,<strong>de</strong>sconfiado e muito pálido: inch Allah!” (Carvalho 1992: 30); “O árabe20 Tira <strong>de</strong> pano enrolada na cabeça. Entre os muçulmanos, é <strong>de</strong> uso comum.21 O manto era só usado por minorias, quase exclusivamente pela classe mais alta.22 Vestimenta que era usada pelos guerreiros, em metal, para protecção do corpo.23 Como vimos, no ponto 1.2.2, o exército árabe era composto por diversas etnias.24 Função <strong>de</strong> imediato ao chefe.25 Subunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cavalaria constituído por um grupo <strong>de</strong> pelotões.26 Espada curta.27 Após as batalhas, era habitual a pilhagem dos vencidos. No entanto, o texto sagrado do Alcorãosancionava tal actuação (cf. Araújo 1983: 254).28 Era usual, nesta altura, o uso do arco para disparar flechas sobre qualquer alvo.29 Espécie <strong>de</strong> pequeno escudo, que servia <strong>de</strong> protecção dos golpes dos inimigos.

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