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Revista de Letras - Utad

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294 Hugo Silveira PereiraA SalamancadaAinda antes da chegada ao Pinhão, o governo regenerador ace<strong>de</strong>u aospedidos da burguesia portuense e propôs a continuação do caminho-<strong>de</strong>-ferro pelamargem do Douro até Espanha em vez <strong>de</strong> o fazer internar em Trás-os-Montes(proposta <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> 1879-3-28), indo contra a opinião da AECP. À partida, alinha <strong>de</strong>ixaria Trás-os-Montes para seguir pela Beira Alta antes <strong>de</strong> chegar aEspanha, mas ainda nada estava <strong>de</strong>cidido.Por esta altura, a linha da Beira Alta (da Figueira da Foz a Vilar Formoso)estava em plena construção e o Porto temia que a sua activida<strong>de</strong> económica seressentisse do facto <strong>de</strong> a linha do Douro não se ligar a Espanha, o que faria<strong>de</strong>sviar todo o tráfego castelhano para a Figueira. Piorando o cenário, acompanhia que <strong>de</strong>tinha a linha da Beira Alta – a Societé Financière <strong>de</strong> Paris(SFP) – controlava também o troço entre Salamanca e Medina <strong>de</strong>l Campo e tinhadireito <strong>de</strong> opção sobre as ligações <strong>de</strong> Salamanca às linhas do Douro e da BeiraAlta, mas como é óbvio só tinha real interesse na segunda (Sousa 1978: 5-7).Por esta razão entabulou o governo ainda em 1878 negociações comEspanha. Dessas negociações e dos estudos dos engenheiros espanhóis(Martinez Gordon e Eusébio Page) e portugueses (Boaventura José Vieira,Avelar Machado e Ban<strong>de</strong>ira Coelho <strong>de</strong> Melo) resultou que a bifurcação daslinhas se faria em Espanha (AHD. Entroncamento da linha ferrea do Douro,caixa 1036, maço 5), malgrado o receio já manifestado contra um entroncamentoem território espanhol. Seria uma solução simbiótica: Salamanca ficava maisperto do Porto que por sua vez ficava mais perto <strong>de</strong> França, mas também aGaliza ficava mais perto <strong>de</strong> Madrid.Apesar <strong>de</strong> o projecto reunir consenso nas Câmaras, não chegou a serdiscutido, só sendo retomado pelo seguinte governo progressista, que <strong>de</strong>creta acontinuação da linha até à foz do Tua. A continuação para lá <strong>de</strong>ste ponto até àfronteira ficava também assente, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> Espanha emcontinuar a linha do seu lado. Esta in<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>via-se ao facto <strong>de</strong> o ministério daGuerra <strong>de</strong> Espanha insistir em bifurcar as linhas em Ciudad Rodrigo, o que erafavorável aos interesses da SFP, mas contrário aos interesses do Porto, poiscolocava a Figueira mais perto <strong>de</strong> Salamanca, já para não falar no perigo militarque constituía uma linha paralela à fronteira. Boadilla era a solução pretendidapor Portugal, por ser um ponto que dividia mais equitativamente a distânciapelas duas linhas. Em Maio <strong>de</strong> 1880, inicia-se uma intensa ronda <strong>de</strong> negociaçõescom o governo espanhol que termina <strong>de</strong> forma favorável a Portugal com afixação da bifurcação em Boadilla. Tudo parecia bem encaminhado, não fosse a<strong>de</strong>sconfiança em relação à SFP (AHD. Entroncamento da linha ferrea do Douro,caixa 1036, maço 5; Caminhos <strong>de</strong> ferro. Ligação por intermédio <strong>de</strong> pontes, caixa1066, maço 8, documentos 174 e ss.). Temendo-se que aquela companhia

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