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Revista de Letras - Utad

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RECENSÃOParaíso Revisitado – Roteiro Poético Alfacinha e Duriense<strong>de</strong> José Eduardo RodriguesHenriqueta Maria GonçalvesA projecção do mundo exterior no interior do poeta <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia uma atitu<strong>de</strong><strong>de</strong> criação literária com características próprias que <strong>de</strong>signamos por lírica e quena maior parte dos casos é expressa em forma <strong>de</strong> poesia. Laurent Jenny em“O poético e o narrativo» afirma: “[o poema] encontra por vezes as histórias domundo, – eco ensur<strong>de</strong>cido, quase inaudível, propagado pela metonímia.Murmúrio longínquo on<strong>de</strong> se distinguem por vezes fragmentos <strong>de</strong> narrativasperdidas. Mas se o poema se recorda <strong>de</strong>las, não se per<strong>de</strong> nessa recordação. O seupropósito obstinado resi<strong>de</strong> mais na confrontação inacabável do ser das palavras edo ser do ser – metáfora ainda” (Jenny 1982: 109).Na apreensão subjectiva do mundo domina o factor intuitivo, concebidocomo uma forma <strong>de</strong> conhecimento por união: da emoção e do intelecto e essainteriorização do real pressupõe a utilização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados recursos técnico--formais como a imagem, o símbolo, a metáfora, pela sua gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sugestão e evocação, ou a adopção <strong>de</strong> uma formulação anti-discursiva: as i<strong>de</strong>iasnão se formulam por sintagmas completos, mas apresentam-se muitas vezes pormanchas. Mikel Dufrenne associa <strong>de</strong> forma interessante a poesia à língua oral:“C’est à cette langue [orale] que le poète a affaire. C’est elle qui est sa matière,et l’écriture n’est pour lui qu’un matériau, un support ou un auxiliaire. Sansdoute la poésie sera-t-elle écrite. Dans l’instant <strong>de</strong> sa création, le poète est <strong>de</strong>vantcette feuille blanche qui va s’animer comme le musicien <strong>de</strong>vant son piano; maisle papier ne lui sert qu’ à fixer <strong>de</strong>s mots qu’il essaie dans son corps, avec sagorge et son oreille: témoin et mémoire d’un acte qui ne le concerne pas.Certains poètes cependant ont privilégié l’écriture au point <strong>de</strong> s’en remettre àelle. Et ce n’est pas sans raison que le surréalisme a associé l’automatisme àl’écriture; (...) la poésie est une voix” (Dufrenne 1973: 70-71).O livro que hoje aqui se apresenta integra-se nesta atitu<strong>de</strong> da criaçãoliterária e expressa-se em voz poética._______________________________________________<strong>Revista</strong> <strong>de</strong> <strong>Letras</strong>, II, n.º 9 (2010), 415-421.

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