04.11.2018 Views

Curso de Direitos Humanos (2017) - André de Carvalho Ramos

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nesse sentido, Gilmar Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o direito <strong>de</strong> acesso à justiça, uma vez que a proteção judicial<br />

à ameaça ao direito à privacida<strong>de</strong> em nada valeria, caso a intervenção judicial apenas “pu<strong>de</strong>sse se dar<br />

após a configuração da lesão” 296.<br />

9.6. DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO OBTIDA<br />

ILICITAMENTE<br />

Outro tema que merece <strong>de</strong>staque na atualida<strong>de</strong> brasileira é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong><br />

informações <strong>de</strong> interesse público, mas que foram obtidas ilicitamente pela ação <strong>de</strong> terceiros. Por<br />

exemplo, é legítimo que emissora <strong>de</strong> televisão veicule gravação ilícita <strong>de</strong> conversa telefônica (feita por<br />

terceiros, que repassaram a gravação à emissora) <strong>de</strong> agentes públicos com diálogos sobre corrupção e<br />

recebimento <strong>de</strong> propina? É legítimo que um jornal divulgue informações sobre político, que recebeu <strong>de</strong><br />

suas fontes não reveladas (sigilo <strong>de</strong> fonte), contidas em inquérito criminal sob sigilo judicial?<br />

Em casos semelhantes aos dois exemplos citados, o STF não permitiu, em exame preliminar, a<br />

divulgação das informações ao público, por consi<strong>de</strong>rar que, respectivamente, o sigilo telefônico e o<br />

sigilo judicial foram in<strong>de</strong>vidamente violados, em <strong>de</strong>trimento da privacida<strong>de</strong> dos envolvidos (Pet 2.702-<br />

MC, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 18-9-2002, Plenário, DJ <strong>de</strong> 19-9-2003, e Rcl 9.428,<br />

Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 10-12-2009, Plenário, DJE <strong>de</strong> 25-6-2010).<br />

Nesses casos, para o STF, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa, que foi valorizada na ADPF 130 (que consi<strong>de</strong>rou<br />

não recepcionada a Lei <strong>de</strong> Imprensa), <strong>de</strong>ve obediência ao direito à privacida<strong>de</strong>, mediante proteção <strong>de</strong><br />

sigilo legal <strong>de</strong> dados cobertos por segredo <strong>de</strong> justiça (Rcl 9.428, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em<br />

10-12-2009, Plenário, DJE <strong>de</strong> 25-6-2010).<br />

Outra situação é a da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação e persecução penal <strong>de</strong> jornalista que divulgou<br />

informação protegida sob sigilo. O STF distinguiu a interceptação telefônica ilícita (crime, <strong>de</strong> acordo<br />

com o art. 10 da Lei n. 9.296/96 297, que exige a intrusão do agente, da conduta <strong>de</strong> divulgação daquilo<br />

que já foi interceptado feita por jornalista, o que seria atípico, mesmo que o conteúdo estivesse sob sigilo<br />

(Rcl 19.464/SP, concessão <strong>de</strong> habeas corpus <strong>de</strong> ofício, Rel. Min. Dias Toffoli, 22-9-2015).<br />

9.7. INVIOLABILIDADE DOMICILIAR<br />

9.7.1. Conceito e as exceções constitucionais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!