04.11.2018 Views

Curso de Direitos Humanos (2017) - André de Carvalho Ramos

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

(iv) pela exigência <strong>de</strong> um <strong>de</strong>vido processo legal em prazo razoável, pois não basta possibilitar o acesso<br />

à justiça em um ambiente judicial marcado pela morosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>longa.<br />

Também não po<strong>de</strong> a lei criar obstáculos ao po<strong>de</strong>r geral <strong>de</strong> cautela do juiz, uma vez que este se<br />

justifica para assegurar o resultado útil do processo principal: sem o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cautela, nada adiantaria o<br />

trâmite regular do acesso à justiça. Nessa linha, <strong>de</strong>cidiu o STF que o “po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cautela, mediante o<br />

implemento <strong>de</strong> liminar, é ínsito ao Judiciário” (ADPF 172-MCREF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento<br />

em 10-6-2009, Plenário, DJE <strong>de</strong> 21-8-2009).<br />

Por sua vez, o STF <strong>de</strong>cidiu que é inconstitucional a exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito prévio como requisito <strong>de</strong><br />

admissibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito tributário”<br />

(Súmula Vinculante 28) e ainda que viola a garantia constitucional <strong>de</strong> acesso à jurisdição a taxa<br />

judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa (Súmula 667).<br />

21.2. A TUTELA COLETIVA DE DIREITOS E A TUTELA DE DIREITOS<br />

COLETIVOS<br />

O direito <strong>de</strong> acesso à justiça na sua faceta material exige que sejam asseguradas a tutela <strong>de</strong> direitos<br />

coletivos e a tutela coletiva <strong>de</strong> direitos individuais 322.<br />

A tutela <strong>de</strong> direitos coletivos é aquela que abarca a proteção <strong>de</strong> interesses indivisíveis, como os<br />

interesses difusos e coletivos stricto sensu, como <strong>de</strong>finidos nos arts. 81 e 82 do Código <strong>de</strong> Defesa do<br />

Consumidor. Justamente por serem tais direitos indivisíveis, essa tutela reclama normas especiais, que<br />

viabilizem sua proteção pelo Po<strong>de</strong>r Judiciário, como se vê na Lei n. 7.347/85 e na Lei n. 8.078/90<br />

(Código <strong>de</strong> Defesa do Consumidor). Além disso, o acesso à justiça exige normas que facilitem a tutela<br />

coletiva <strong>de</strong> direitos individuais (que, em tese, po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>fendidos por cada um <strong>de</strong> seus titulares, em<br />

ações individuais), uma vez que há <strong>de</strong>mandas que possuem <strong>de</strong>terminadas características que exigem<br />

tratamento coletivo, como, por exemplo, uma pequena lesão a direitos <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> consumidores: seu<br />

conteúdo econômico baixo não viabilizaria <strong>de</strong>mandas individuais, mas uma ação coletiva po<strong>de</strong>ria exigir<br />

reparação, evitando a sensação <strong>de</strong> impunida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>samparo do consumidor.<br />

21.3. AUSÊNCIA DE NECESSIDADE DE PRÉVIO ESGOTAMENTO DA VIA<br />

ADMINISTRATIVA E A FALTA DE INTERESSE DE AGIR

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!