O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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manag<strong>em</strong>ent, no que se refere a canais <strong>de</strong> venda indiretos e o paradoxo do mundo dos<br />
negócios, procura <strong>de</strong> executivos que produzam muito e consigam conciliar a vida<br />
profissional com a pessoal – atletas corporativos: a r<strong>ea</strong>lida<strong>de</strong>, no entanto, é diferente pois as<br />
<strong>em</strong>presas ainda são fábricas <strong>de</strong> workaholics.<br />
Tendo <strong>em</strong> vista o contexto sócio-organizacional assinalado, analisar<strong>em</strong>os a partir <strong>de</strong><br />
agora, artigos da revista Exame publicados no período <strong>de</strong> 1990 a 2002, buscando verificar,<br />
por meio <strong>de</strong>les, o discurso organizacional das <strong>em</strong>presas. Nesse sentido, propomos uma<br />
análise a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas categorias conceituais do discurso. Vejamos quais são elas.<br />
A primeira categoria conceitual do discurso analisada é a do superexecutivo <strong>de</strong><br />
sucesso. Essa categoria conceitual enquadra basicamente dois critérios fundamentais: o<br />
sucesso, e tudo aquilo que os indivíduos estão dispostos a fazer para alcançá-lo, e o perfil do<br />
super-hom<strong>em</strong>: toda organização <strong>de</strong>seja ter <strong>em</strong> seus quadros executivos que sejam<br />
verda<strong>de</strong>iros super-homens, isto é, eternos conquistadores <strong>de</strong> territórios/mercados.<br />
Ser um super-hom<strong>em</strong> exige do executivo um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho acima do razoável e um<br />
ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ntro e fora da organização. A <strong>em</strong>presa não espera nada menos do que<br />
isso. E ele estará disposto, induzido ou não, manipulado ou não, a entrar no jogo e<br />
<strong>de</strong>senvolver uma parceria a mais permanente possível, com a <strong>em</strong>presa, uma parceria pautada<br />
<strong>em</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>em</strong> jogos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, <strong>em</strong> t<strong>ea</strong>tralizações no ambiente <strong>de</strong> trabalho; enfim,<br />
<strong>em</strong> tudo aquilo que possa “mexer” com o indivíduo e convidá-lo a entrar no jogo, e,<br />
obviamente, ansiar por sucesso. O sucesso, assim, passa a ser o gran<strong>de</strong> referencial para o<br />
indivíduo, seu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, seu gran<strong>de</strong> projeto, s<strong>em</strong>pre incentivado pela <strong>em</strong>presa, que, <strong>de</strong><br />
sua parte, busca fazer do funcionário um herói disposto a se <strong>de</strong>dicar <strong>em</strong> sangue, suor e<br />
lágrimas a ela. Na sua ânsia for sucesso, o indivíduo vai se submeter ao po<strong>de</strong>r e à ord<strong>em</strong><br />
estabelecida, consentindo com ela <strong>em</strong> várias dimensões seja pela interiorização das normas,<br />
seja por medo.<br />
A segunda categoria conceitual do discurso a ser analisada por nós é a do<br />
comprometimento organizacional. É <strong>de</strong> fato, um lugar-comum a idéia <strong>de</strong> se “vestir a camisa”<br />
da <strong>em</strong>presa, mas é cada mais requerido o comprometido com os objetivos organizacionais e<br />
cada vez maior a internalização dos valores que compõ<strong>em</strong> a cultura organizacional. Talvez<br />
seja nessa categoria conceitual <strong>em</strong> discurso que se t<strong>em</strong> mais claramente os discursos da<br />
sedução, da fascinação e da servidão voluntária. E a d<strong>em</strong>issão é outro fator <strong>de</strong> “chantag<strong>em</strong>”<br />
na <strong>em</strong>presa – ou o indivíduo se compromete, ou está fora.<br />
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