16.04.2013 Views

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“se todo ser que t<strong>em</strong> sentimento <strong>de</strong> sua existência sente o infortúnio da<br />

sujeição e procura a liberda<strong>de</strong>; se os bichos até os criados para o serviço do<br />

hom<strong>em</strong>, só pod<strong>em</strong> se submeter <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> protestar<strong>em</strong> um <strong>de</strong>sejo contrário –<br />

que vício infeliz po<strong>de</strong> então <strong>de</strong>snaturar tanto o hom<strong>em</strong>, o único que<br />

r<strong>ea</strong>lmente nasceu para ser livre, a ponto <strong>de</strong> faze-lo per<strong>de</strong>r a l<strong>em</strong>brança se sua<br />

primeira condição e o próprio <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> retomá-la?”.(LA BOÉTIE, 1999, p.<br />

82).<br />

Recontextualizando para o campo organizacional, diríamos que se o indivíduo não<br />

aceitar as regras do jogo e quiser mais liberda<strong>de</strong> ele t<strong>em</strong> a opção <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar a <strong>em</strong>presa. Por<br />

outro lado, no entanto, corre risco do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego e das perdas narcísicas, o que ao fim<br />

po<strong>de</strong> significar, da mesma maneira, a sua morte simbólica.<br />

Bas<strong>ea</strong>ndo-se <strong>em</strong> <strong>de</strong> la Boétie, SOUKI (1999, p.42) afirma que “da servidão à<br />

liberda<strong>de</strong> não há nenhuma transição no r<strong>ea</strong>l – n<strong>em</strong> espaço, n<strong>em</strong> t<strong>em</strong>po a ser percorrido,<br />

nada <strong>de</strong> esforços, nada <strong>de</strong> ação: simplesmente a inversão do <strong>de</strong>sejo. Assim que os homens<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> querer o tirano, ele é <strong>de</strong>rrotado; assim que a liberda<strong>de</strong> é <strong>de</strong>sejada, eles a<br />

possu<strong>em</strong>”. No contexto das <strong>em</strong>presas, o mais impressionante é que esse processo <strong>de</strong><br />

submissão, ocorre <strong>de</strong> maneira voluntária; po<strong>de</strong>-se lutar contra, ir ao encontro da liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir, mas o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> servir fala mais alto e tudo permanece como está.<br />

Derramar-se sangue, suor e lágrima para que o tirano chegue a seus objetivos. BOÉTIE<br />

(1999, p.102) argumenta que “não é preciso que façam o que or<strong>de</strong>na, mas também que<br />

pens<strong>em</strong> o que quer e, amiú<strong>de</strong>, para satisfaze-lo, que também antecip<strong>em</strong> seus próprios<br />

<strong>de</strong>sejos. Não basta obe<strong>de</strong>ce-lo, é preciso que se arrebent<strong>em</strong>, se atorment<strong>em</strong>, se mat<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>dicando-se aos negócios <strong>de</strong>le”.<br />

Vale l<strong>em</strong>brar que, nas relações cotidianas <strong>de</strong> trabalho das organizações, há duas<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> controle pelo amor: a fascinação e a sedução. Por meio <strong>de</strong>sses dois<br />

mecanismos, as organizações consegu<strong>em</strong> impor <strong>de</strong> maneira sutil a sua cultura e dominar o<br />

inconsciente do indivíduo <strong>de</strong>ixando pouca marg<strong>em</strong> tanto para o pensamento e quanto para a<br />

postura/ação crítica <strong>de</strong>ntro e fora da <strong>em</strong>presa. Quanto à fascinação, ela está b<strong>em</strong> próxima da<br />

relação hipnótica e confere ao hipnotizador um domínio quase que completo do indivíduo.<br />

Há, segundo ENRIQUEZ (1991), um conjunto <strong>de</strong> consequências que caracterizam essa<br />

relação: a submissão do indivíduo, o <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> lado tudo aquilo que não diz respeito ao<br />

64

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!