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O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

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trabalho” ou “Família é a base, mas todo o resto advém do trabalho e por isto eu me <strong>de</strong>dico ao<br />

meu <strong>em</strong>prego”.<br />

No artigo “Não basta ser executivo, t<strong>em</strong> que ser pai” (ALFREDO, Exame, 11/08/99, p.<br />

101-104), lê-se que para se ter sucesso profissional é necessário trabalhar muito, mesmo que a<br />

família acabe <strong>em</strong> segundo plano, que é o que normalmente ocorre. Esse sacrifício da família<br />

pela <strong>em</strong>presa foi intensamente abordado por PAGÈS (1987) que d<strong>em</strong>onstra o quanto a fé na<br />

<strong>em</strong>presa e a a<strong>de</strong>são a seus valores pod<strong>em</strong> levar o indivíduo a sacrificar sua vida familiar.<br />

Aliás, a <strong>em</strong>presa está presente também na vida da família do executivo, havendo, cada vez<br />

mais, programas <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregados e familiares <strong>de</strong>ntro da <strong>em</strong>presa, no sentido<br />

<strong>de</strong>stes partilhar<strong>em</strong> as ativida<strong>de</strong>s que o indivíduo r<strong>ea</strong>liza. Inclusive, para gozar <strong>de</strong> mais t<strong>em</strong>po<br />

ao lado dos seus, os executivos entrevistados no artigo acabam envolvendo seus filhos no dia<br />

a dia do trabalho, fazendo com que compreendam a ausência do pai, <strong>de</strong>vido a contingências<br />

relacionadas a seu trabalho. Mas é bom que a criança ou o jov<strong>em</strong> assumam <strong>de</strong>terminados<br />

hábitos do mundo do trabalho e da <strong>em</strong>presa? É bom que entrando <strong>em</strong> contato com a i<strong>de</strong>ologia<br />

<strong>de</strong> mercado e com o trabalho r<strong>ea</strong>lizado nas <strong>em</strong>presas, a criança, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter visitado os pais<br />

na <strong>em</strong>presa algumas vezes, utilize-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas linguagens do campo da gestão <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> sua casa e <strong>em</strong> sua vida? No caso do artigo, a criança, <strong>de</strong>vendo arrumar seu quarto por<br />

ord<strong>em</strong> do pai, concordou e disse ainda “t<strong>em</strong> razão, pai. Se um auditor viesse inspecionar meu<br />

quarto para um ISO 9000 eu levaria um monte <strong>de</strong> não conformida<strong>de</strong>s”.<br />

O artigo aborda também alguns aspectos referentes ao mundo do trabalho, mas que<br />

po<strong>de</strong>riam, igualmente, tornar-se referências para as relações familiares e <strong>em</strong> especial para as<br />

crianças. Segundo um <strong>em</strong>presário enfocado no artigo, “os executivos passam sua vida<br />

profissional exercendo quatro ativida<strong>de</strong>s: busca <strong>de</strong> informações, tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões com base<br />

nas informações, execução das <strong>de</strong>cisões e gerenciamento <strong>de</strong> pessoas. Essas ativida<strong>de</strong>s são as<br />

mesmas do dia-a-dia, e serv<strong>em</strong> perfeitamente para criar os filhos com sucesso”. Neste sentido,<br />

as relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r presentes no mundo do trabalho começam a ser reproduzidas na vida<br />

familiar, levando para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa a i<strong>de</strong>ologia dominante e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> como as coisas<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas, <strong>de</strong> modo específico, nas <strong>em</strong>presas e <strong>de</strong> maneira geral, na socieda<strong>de</strong>. A vida<br />

familiar começa, assim, a ser conduzida a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas regras e normas<br />

internalizadas pelo indivíduo na organização <strong>em</strong> que ele trabalha, reproduzindo-se, <strong>em</strong> casa, a<br />

cultura organizacional por ele interiorizada. As relações familiares começam a assumir um<br />

perfil mais “artificial”, e guiado por metodologias e mecanismos gerenciais utilizados na<br />

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