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O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

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Também, Le Goff (1995, p43, tradução nossa) afirma que “a <strong>em</strong>presa não é mais o local on<strong>de</strong><br />

se ganha a vida, on<strong>de</strong> se forja uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, ela é antes <strong>de</strong> tudo o local on<strong>de</strong> o<br />

indivíduo po<strong>de</strong> se r<strong>ea</strong>lizar plenamente”.<br />

O discurso organizacional mo<strong>de</strong>rno abre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> r<strong>ea</strong>lização profissional e do<br />

atendimento dos <strong>de</strong>sejos dos indivíduos. Por trás <strong>de</strong>le está submetido o que uma <strong>em</strong>presa que<br />

se vê como toda-po<strong>de</strong>rosa, como onipotente acredita que tenha condições <strong>de</strong> fazer. É, <strong>de</strong> fato,<br />

no trabalho que o indivíduo po<strong>de</strong> projetar seus sonhos, buscar a concretização <strong>de</strong>stes, se sentir<br />

útil e se livrar <strong>de</strong> angústias que o aflig<strong>em</strong> <strong>em</strong> sua vida cotidiana, angústias, estas que faz<strong>em</strong><br />

parte da natureza do indivíduo. O indivíduo t<strong>em</strong>, ainda, necessida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

reconhecimento, isto é, <strong>de</strong>seja ser reconhecido como alguém b<strong>em</strong> sucedido e merecedor <strong>de</strong><br />

louvores. Ao longo da sua vida, o indivíduo vai estar s<strong>em</strong>pre buscando o reconhecimento,<br />

aceitação por seus pares e o <strong>de</strong>senvolvimento do sentimento <strong>de</strong> ser útil, <strong>de</strong> estar fazendo algo<br />

<strong>de</strong> importante. Aos poucos, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser b<strong>em</strong> sucedido passa a ser o foco da vida do<br />

indivíduo. O fato <strong>de</strong> ser importante e protótipo do conquistador a ser admirado passa a mover<br />

o indivíduo <strong>em</strong> direção dos objetivos da organização, cuja vida <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong> faz com que,<br />

“os homens coloqu<strong>em</strong> <strong>em</strong> risco seu amor próprio, sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

criação [...] e quantos mortos físicos ou psíquicos nas <strong>em</strong>presas para um pequeno número <strong>de</strong><br />

indivíduos triunfantes” (ENRIQUEZ,1997, p.11, tradução nossa).<br />

Além disso, a <strong>em</strong>presa torna-se um meio para se superar conflitos internos e angústias:<br />

“as <strong>em</strong>presas tiram parte <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r do fato <strong>de</strong> trazer<strong>em</strong> respostas às contradições<br />

psicológicas individuais”, permitindo que o indivíduo diminua suas angústias e sofrimentos;<br />

elas “oferec<strong>em</strong> uma solução global aos probl<strong>em</strong>as da existência” (PAGÈS, 1987, p.39). É<br />

fazendo parte da organização e da comunida<strong>de</strong> que o indivíduo acredita po<strong>de</strong>r encontrar um<br />

local para minimizar seus conflitos internos. Em suma, a <strong>em</strong>presa é uma família pronta a<br />

acolher o indivíduo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que este aceite todos os códigos e valores <strong>de</strong>la.<br />

Há, também, nas organizações, um jogo constante entre dominador e o dominado que<br />

vai além da mera imposição. Os jogos do po<strong>de</strong>r nelas são, <strong>de</strong> fato, complexos, pois<br />

envolv<strong>em</strong> controles sutis como a gestão do afetivo, a internalização <strong>de</strong> valores da <strong>em</strong>presa e<br />

o <strong>de</strong>sejo do indivíduo <strong>em</strong> vencer, mesmo que o preço a ser pago, para isso, seja<br />

d<strong>em</strong>asiadamente elevado. O indivíduo que é objeto <strong>de</strong> dominação t<strong>em</strong>, também, as suas<br />

armas, que pod<strong>em</strong>, <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados momentos, equilibrar suas forças com as do dominador:<br />

ele po<strong>de</strong> abdicar do <strong>em</strong>penho <strong>em</strong> alcançar os objetivos almejados pela organização, da<br />

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