O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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processo. Há <strong>em</strong>presas que vivenciam escândalos contábeis, escândalos bancários, amplo<br />
tráfico <strong>de</strong> influência política, enriquecimento peculiar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s executivos e reprodução <strong>de</strong><br />
frau<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presariais. Nas <strong>em</strong>presas, o trabalho se subordina cada vez mais ao capital, sendo<br />
que a subjetivida<strong>de</strong> do trabalhador é cada vez mais manipulada pela organização. As<br />
<strong>em</strong>presas buscam a a<strong>de</strong>são do trabalhador, seu engajamento às metas da <strong>em</strong>presa e sua<br />
inserção no contexto da flexibilização organizacional, <strong>em</strong> que t<strong>em</strong>os baixos salários, baixa<br />
segurança e um aumento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> trabalho. As burocracias verticais tend<strong>em</strong> a se<br />
horizontalizar, ten<strong>de</strong>ndo ainda à terceirização, com o intuito <strong>de</strong> uma produção enxuta e com<br />
<strong>de</strong>feito zero.<br />
Da mesma forma, as políticas <strong>de</strong> recursos humanos se tornam cada vez mais<br />
i<strong>de</strong>ológicas, buscando reter os talentos da organização e fazendo uso <strong>de</strong> seus conhecimentos e<br />
habilida<strong>de</strong>s, com vistas ao aumento <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> no mercado. No pós-fordismo, o<br />
indivíduo é requisitado a ser polivalente, estar pronto para trabalhar <strong>em</strong> equipes<br />
multifuncionais, <strong>de</strong>vendo cooperar, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> competir, pois, exist<strong>em</strong> poucos lugares na<br />
cúpula estratégica, para muitos candidatos. A gestão do afetivo e a manipulação psicológica<br />
caracterizam o controle presente nas organizações, processo catalisado pela formação <strong>de</strong><br />
parceria entre <strong>em</strong>pregado e <strong>em</strong>pregador, estreitando os vínculos entre ele e a <strong>em</strong>presa. A<br />
<strong>em</strong>presa é a mãe protetora, aquela que está s<strong>em</strong>pre pronta a nutrir os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> seus filhos; e<br />
é ela que se torna a cada dia, fonte <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> amor para o indivíduo. Ela<br />
confere sentido à existência <strong>de</strong>ste, substituindo, inclusive, o imaginário do indivíduo pelo seu<br />
próprio, e fazendo com que ele projete seus sonhos no trabalho.<br />
Ao indivíduo cabe internalizar os valores da organização, lutar e acabar suav<strong>em</strong>ente<br />
com os inimigos e concorrentes da <strong>em</strong>presa, que são, por sua vez, transformados <strong>em</strong> seus<br />
próprios inimigos. Ao indivíduo cabe ainda, buscar o sucesso, pois não existe, na organização<br />
lugar algum para fracassados, ou pessoas pouco ambiciosas. As <strong>em</strong>presas exig<strong>em</strong> sacrifício e<br />
renúncia, mas promet<strong>em</strong> a glória e o triunfo. Resta a ele se inserir no imaginário da<br />
organização, tendo seu comportamento formalizado, a partir dos limites e padrões <strong>de</strong> conduta<br />
que lhe são impostos. Ou seja, as organizações buscam a homogeneização, não existindo<br />
espaço para o que foge do que é consi<strong>de</strong>rado normal; não existe espaço para o transgressor. E<br />
como t<strong>em</strong>os dito, ao longo <strong>de</strong>sta tese, existe uma parceria do indivíduo com a <strong>em</strong>presa <strong>em</strong><br />
todo esse processo; <strong>em</strong> outra palavras, o indivíduo não é passivo nessa relação, antes <strong>de</strong> tudo,<br />
ele <strong>de</strong>seja, seja da forma que for, participar <strong>de</strong>sse jogo, não sabendo, freqüent<strong>em</strong>ente, que ele<br />
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