O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...
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frases habilmente escolhidas. E é justamente sobre esses pontos, além da servidão, que<br />
trabalhar<strong>em</strong>os no próximo capítulo.<br />
1.3. Servidão, fascinação e sedução como mecanismos centrais no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r nas organizações.<br />
É praticamente impossível falar <strong>em</strong> servidão s<strong>em</strong> nos referirmos a Etienne <strong>de</strong> la<br />
Boétie, especialmente seu texto sobre a servidão voluntária, que trata da atitu<strong>de</strong> servil<br />
perante a tirania. Quais as razões que levam um indivíduo a querer servir <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada<br />
organização, a servir a gerentes, a normas e a regras? De la Boétie, mostra-se, <strong>em</strong> seu<br />
texto, indignado diante do fato dos homens não r<strong>ea</strong>gir<strong>em</strong> ao jugo <strong>de</strong> um tirano. Segundo o<br />
autor, isso se dá porque a fascinação está presente. Ora, o que leva o indivíduo a se<br />
humilhar ao tirano?<br />
A partir da institucionalização da relação <strong>de</strong> submissão nas organizações, o indivíduo<br />
se vê impregnado dos id<strong>ea</strong>is da organização <strong>em</strong> que trabalha 5 , absorvendo suas normas,<br />
valores, convicções e padrões <strong>de</strong> conduta. Seu id<strong>ea</strong>l <strong>de</strong> ego é preenchido pela organização<br />
e ele se envolve cada vez mais, com a organização, servindo a ela e a seus representantes<br />
<strong>de</strong> níveis hierárquicos mais elevados. Por seu turno, a <strong>em</strong>presa, na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna,<br />
busca na mediação a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antecipar conflitos e fazer com que as contradições<br />
inerentes à vida organizacional sejam transformadas <strong>de</strong> acordo com seus <strong>de</strong>sejos. Para<br />
PAGÈS (1987, p. 34), a <strong>em</strong>presa mo<strong>de</strong>rna, como a <strong>em</strong>presa “do segredo e da<br />
manipulação”, “t<strong>em</strong> uma extraordinária capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressentir os conflitos potenciais e<br />
<strong>de</strong> tomar providências antecipadas”. Dessa forma, o processo <strong>de</strong> mediação contribui para<br />
que o indivíduo se submeta aos <strong>de</strong>sejos da <strong>em</strong>presa.<br />
Segundo <strong>de</strong> LA BOÉTIE (1999, p.77) “é o povo que se sujeita e se <strong>de</strong>gola; que,<br />
po<strong>de</strong>ndo escolher entre ser súdito ou ser livre, rejeita a liberda<strong>de</strong> e aceita o jugo, que<br />
consente seu mal, ou melhor, persegue-o”. O autor con<strong>de</strong>na a perda da liberda<strong>de</strong> e afirma<br />
que ela é contrária à natureza do hom<strong>em</strong>, que nasce livre e com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar para<br />
manter sua liberda<strong>de</strong>. Veja-se, no seguinte trecho, uma síntese da indignação do autor:<br />
5<br />
Enriquez vai nos colocar que “a organização vai servir ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> id<strong>ea</strong>l <strong>de</strong> ego – <strong>de</strong> objeto <strong>de</strong> amor e<br />
<strong>de</strong> superego – <strong>de</strong> instância interditora”.<br />
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