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O Discurso Organizacional em Recursos Humanos ea - Sistema de ...

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1.2. Refletindo sobre as dimensões das fontes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer, <strong>em</strong> primeiro lugar, que o po<strong>de</strong>r é especialmente alimentado com a<br />

possessão da sanção, isto é, da força mesmo que não ocorra o uso <strong>de</strong>sta. ENRIQUEZ<br />

(1991) nos l<strong>em</strong>bra que o po<strong>de</strong>r se funda não apenas na força, mas também no<br />

consentimento, seja ele, autêntico ou provocado. O po<strong>de</strong>r preten<strong>de</strong> ser legítimo, seja essa<br />

legitimida<strong>de</strong> vinda do conhecimento que um técnico possui <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado domínio,<br />

seja pela ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma pessoa mais velha, ou mesmo pela <strong>de</strong>scendência, é o caso do po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> um rei. É na legitimida<strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>r consegue a conquista da a<strong>de</strong>são e a mantém por<br />

um bom t<strong>em</strong>po. É também por meio da legitimida<strong>de</strong> que pod<strong>em</strong>os buscar um “mundo s<strong>em</strong><br />

conflitos, um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ord<strong>em</strong>”.<br />

Ora, a <strong>em</strong>presa valoriza o apego à ord<strong>em</strong>, à hierarquia e acredita ter legitimida<strong>de</strong><br />

para se envolver nos probl<strong>em</strong>as pessoais do indivíduo, que pod<strong>em</strong>, eventualmente, por <strong>em</strong><br />

perigo a estabilida<strong>de</strong> que ela <strong>de</strong>seja manter. De acordo com LE GOFF (1995, p.46,<br />

tradução nossa), “há trinta anos, o assalariado que tinha um probl<strong>em</strong>a pessoal conversava<br />

com sua família, com seu médico [...] hoje, o assalariado po<strong>de</strong> confiar seus probl<strong>em</strong>as à<br />

<strong>em</strong>presa”. De fato, as <strong>em</strong>presas se preocupam <strong>em</strong> interferir nos sonhos e no imaginário <strong>de</strong><br />

seus <strong>em</strong>pregados, assim como nas relações familiares, fazendo com que o indivíduo esteja<br />

cada vez mais envolvido com a cultura e objetivos da organização. Dito <strong>de</strong> outro modo, a<br />

<strong>em</strong>presa <strong>de</strong>seja ser parceira do indivíduo, pois, ao assumir esse papel, ela apenas aumenta<br />

seu po<strong>de</strong>r na relação que mantém com seus m<strong>em</strong>bros, existindo nesse processo, a<br />

autopersuasão, o que permite a submissão do indivíduo à <strong>em</strong>presa. ENRIQUEZ (1991,<br />

p.25, tradução nossa) afirma que “o po<strong>de</strong>r que procura sua legitimação s<strong>em</strong>pre repousa no<br />

consentimento”, que provém seja do amor, do medo ou pela interiorização. Esta<br />

interiorização po<strong>de</strong> ser analisada a partir da interiorização dos valores que acabam<br />

ganhando legitimida<strong>de</strong> e outorgando legitimida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>tentor do po<strong>de</strong>r.<br />

Uma importante fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r é a i<strong>de</strong>ntificação. De acordo com ENRIQUEZ<br />

(1991, p.27, tradução nossa), a i<strong>de</strong>ntificação, na experiência cotidiana, po<strong>de</strong> ser vista como<br />

“o sinal <strong>de</strong> uma forte atração [...], como: i<strong>de</strong>ntificação do aluno ao mestre, do sujeito ao rei,<br />

<strong>de</strong> um m<strong>em</strong>bro da <strong>em</strong>presa à ela própria”. A i<strong>de</strong>ntificação po<strong>de</strong> ter como base o medo, que<br />

se torna mais um processo <strong>de</strong> aniquilamento do indivíduo que mantém uma relação com o<br />

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